quinta-feira, novembro 20, 2008

EIV divulgação



- Terça-feira, Dia 25, 18 horas: Canil, Em frente ao Espaço de Covivência da ECA-USP
- Quinta-feira, Dia 27, 18 horas: Espaço dos Estudantes, Prédio de Ciências Sociais e Filosofia, FFLCH-USP

2º Estágio Interdisciplinar de Vivência
em áreas de Reforma Agrária e Atingidos/as por Barragens do Estado de São Paulo
Companheiras/ os,
O Estágio Interdisciplinar de Vivência trata de uma atividade permanente de aliança entre Movimentos Sociais, e que no estado de Saõ Paulo começa a gerar frutos no âmbito da articulação entre escolas e entidades estaduais.
O EIV é construído conjuntamente pelos movimentos sociais camponeses e pelo movimento estudantil em diversos estados do país, e insere-se num contexto de estreitamento das relações entre Universidade e sociedade, em especial com os movimentos sociais de luta pela terra. De modo que, acreditamos que por meio da aproximação com sua organização, suas demandas, seu cotidiano e dificuldades, se possa efetivamente entender a legitimidade das lutas populares camponesas, e seu papel mais amplo na sociedade.
Propomos através do Estágio, o despertar de consciência crítica nos estudantes a partir da vivência da realidade dos Movimentos Camponeses, e da reflexão e teorização da realidade social, cultural e econômica do nosso país.
O EIV se pauta por um método que possibilite atingir nossos objetivos de formação e organização estudantil. E que nada tem de "extensão universitária" , pois é totalmente autônomo e avesso às grades curriculares, metodologias, olhares etnocêntricos ou mesmo qualquer vinculação à academia e sua forma de tratar a relação universidade- sociedade.
A metodologia de vivenciar o seio das classes camponesas em luta, participando de todo seu cotidiano de forma a quebrar preconceitos e paradigmas cristalizados e valendo-se do trabalho e da vida rural como elemento pedagógico e educativo já fora usado antes.
Basicamente, o EIV acontece em três etapas:

I) Preparação – Nessa primeira fase os estagiários ficam no mesmo local, onde acontecem os espaços de formação política através de oficinas, seminários e grupos de discussão sobre economia política, questão agrária no Brasil, histórico e o papel atual dos movimentos sociais, etc.

II) Vivência – Após a preparação, os estagiários permanecem em torno de 10 dias nas famílias organizadas nos movimentos camponeses (MST e MAB),
realizando junto a estas as atividades do dia-dia e conhecendo a realidade das famílias e da organização dos movimentos sociais.

III) Avaliação – É realizado com todos os estagiários juntos. Faz-se a socialização das vivências, bem como, a avaliação desta e do estágio como um todo. Também são realizados nesta etapa espaços de formação e apontamentos da continuidade do trabalho iniciado no EIV.

Essa 2ª edição do EIV SP tem como objetivo consolidar esse instrumento como prática do moviemnto estudantil de São Paulo, bem como nos desafiar a construir um Estágio que possibilite o encontro e a formação de lutadores/as estudantis, que através do diálogo e do aprendizado com o povo, com ele se comprometam e com ele lutem, como nos ensina Paulo Freire, seja dentro da Universidade e também fora de seus muros.

Para se inscrever entre em contato:

Inscrição: 15 de outubro a 1º de dezembro

2ºEIV-SP: de 18 de janeiro a 8 de fevereiro


http://www.vestiario.org/eiv

terça-feira, novembro 18, 2008

corrida contra a crise


O mundo acaba de atravessar 60 dias que abalaram a órbita financeira. E nesse mesmo período instala-se um novo governo norte-americano na Casa Branca. E a próxima onda nesse turbulento mar não esperará as novas ações de Barack Obama, para continuar a fazer muitos estragos. Pelo contrário, segundo especialistas, o estrago está apenas começando.
A General Motors, Ford e Chrysler estão a bordo da falência. A atual crise pega a classe trabalhadora mundial fragilizada, levando à demissão dezenas de milhares de trabalhadores, que nada tirevam à ver com os irresponsáveis de Wall Street. E enquanto isso o Brasil assiste a Europa solapar em recessões. Lá a economia está em perigo, pois o emprego e o poder de compra são ameaçados. E quando é que o tsunami rebaterá em terras brasileiras? Ou você acha que sairemos ilesos?

sexta-feira, novembro 14, 2008

A precarização e exploração do trabalho nas Ciências Sociais




Entre os dias 27 a 30 de outubro, participei do 32º Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs). Entre as diversas conferências existentes o professor Arne Kalleberg, da Universidade da Carolina do Norte, abordou dia 28/10 o tema da precarização e a insegurança do trabalho, assim como os riscos ao trabalhador. Segundo o professor, a agenda neoliberal brasileira é tardia na implantação de políticas, assim como vem enfraquecer os sindicatos, na medida em que o crescimento informal de empregos e o crescimento de maus empregos no setor formal alavanca significativamente.
A partir desse contexto é perceptível constatar que o "trabalho precário" foi sempre tido como normal no país, ou seja, grande parte dos trabalhos são precários, mas são tratados como atípicos. Por isso é importante o cuidado do emprego do termo "precário", pois se tomarmos como referência o trabalho dos canavieiros não se pode afirmar que trata-se de "precarização do trabalho", pois nesse caso ocorre a exploração da mão-de-obra em que é uma dimensão dada de anos, isto é, ao longo do processo histórico do Brasil. O "trabalho precário", de fato, existe quando ele possui uma forma, e dentro de uma situação clara, ele se precarizou ao longo de um tempo, portanto, contrário do trabalho escravo que impera, principalmente, nos canaviais brasileiros e sempre foi dessa forma, com condições precárias, insalubres, baixa remuneração, e que tem levado à morte centenas de trabalhadores por exaustão. Uma exaustão que está atrelada à lógica econômica, pois o "bom" cortador de cana recebe muitas vezes incentivos do patronato, segundo a Professora Dra Maria Aparecida Moraes, da Universidade Federal de São Carlos, no GT Trabalho e Sindicato na Sociedade Contemporânea, que apresentou o trabalho “Trabalhadores Rurais: a negação dos direitos”. Segundo Maria Aparecida, o canavieiro da região de Ribeirão Preto, recebe um liquidificador e/ou batedeira como incentivo ao "bom" corte, e esse programa elimina a micro resistência do processo laboral. O resultado dessa intensificação do ritmo de trabalho foram 22 mortes por exaustão no local de trabalho, de 2004 até início de 2008, na região. É aí que percebe-se que problemas desta natureza e de outras remete à questões do século passado, e que são evidentes na contemporaneidade, principalmente em se tratando dos trabalhadores da cana, pois sabemos que o etanol é a grande vitrine brasileira.
O professor Arne Kalleberg salienta a importância das políticas públicas na área do trabalho e suas formas na contemporaneidade, já que elas podem explicar a natureza do trabalho precário e pontuar soluções, de um modo que venha contribuir e ajudar as populações, como por exemplo, as políticas governamentais de previdência, de seguro saúde, aposentadoria, de um modo que o crescimento do emprego formal esteja em sintonia com incentivos do Estado, como a concessão de créditos fiscais ao patronato, por exemplo, segundo o professor.

quinta-feira, novembro 13, 2008

Políticas públicas geram mais renda que cana em Alagoas

Alguns dados sobre a geração de riqueza produzida pelo ramo açucareiro colocam em cheque a contribuição que este setor da economia traz para o desenvolvimento interno brasileiro. Em Alagoas, a cana-de-açúcar injeta menos dinheiro na economia do que as políticas públicas guiadas pelo governo federal.

Os dados mostram que a maior parte da renda não fica com o trabalhador, e sim, com os que vendem o etanol produzido e com os grandes grupos empresariais que administram estas usinas.

No estado as usinas irão pagar aproximadamente R$ 100 milhões em salários para os cortadores de cana nesta safra - que começou no mês de setembro e termina em março do próximo ano. Já a Previdência Social, em aposentadorias e pensões, pagará neste ano R$ 2,4 bilhões. O Bolsa Família – principal programa social do governo - pagará R$ 368 milhões.

De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), mais de 80% dos casos de uso de mão-de-obra escrava verificados em 2007 estão relacionados com o setor. A Comissão também mostra que de 2004 a 2007 ocorreram 21 mortes - supostamente por excesso de esforço durante o corte da cana. Estudos comprovam que esses trabalhadores do corte de cana possuem uma vida útil de trabalho de dez a 12 anos, inferior a dos escravos do século XIX.

da Radioagência NP, Juliano Domingues.

segunda-feira, novembro 03, 2008

Crise? E eu com isso?

Elaine Tavares *

Adital - É o que mais se ouve no rádio e na TV - essa fábrica que vive da mais valia ideológica, como bem analisou o grande pensador venezuelano Ludovico Silva - "a crise, a crise, a crise". Começou lá nos Estados Unidos e quase ninguém sabe muito bem por que. Os locutores falam de uma quebra nos bancos causada pelo não pagamento das hipotecas e as pessoas, jantando, não conseguem entender o que isso significa. Bueno, ao que parece, as pessoas pegaram empréstimos para comprar moradia e agora não têm dinheiropara pagar. Fico pensando na política do governo Lula que, por conta do "crescimento da economia" fez convênios com Bancos para garantir que os trabalhadores pudessem se endividar de forma tranqüila e sem qualquer entrave, com desconto em folha.
A CUT aprovou a idéia e o povo começou a corrida aos bancos para tirar dinheiro e consumir, consumir, consumir. Penso que é um pouco por aí o que aconteceu por lá, na nave mãe. Também, na televisão, já se começa a ver reportagens sobre o aumento do preço disso e daquilo, e os jornalistas avisam em tom de ameaça: "é a crise, ela vai pegar todo mundo". É quase como a trilha sonora do Tropa de Elite. Ninguém vai escapar. Assim, pelas ruas, as pessoas vão internalizando a idéia de que há uma crise, portanto, é normal que os preços comecem a subir.
Vem a pedagogia do medo e os pequenos burgueses principiam a comprar bastante carne para congelar nos abarrotados freezers, estapeça escrota da acumulação sem necessidade. Já os que não têm freezer...que se danem! "Estamos todos no mesmo barco", dizem os economistas e analistas de TV. Só que esta é mais uma mentira do sistema. Podemos até estar no mesmo barco, mas a divisão de classe garante que haja os que tomam champanhe na cobertura e os que remam nas galés. No final, quem é que salva o barco mesmo? São os remadores, sempre os remadores. O povo das galés! Nos noticiários internacionais chegam as notícias de gente que perdeu tudo o que tinha. Choro e ranger de dentes. Mas ninguém pergunta por que motivo afinal esta gente entrou na onda das aplicações voláteis da bolsa. A promessa capitalista do lucro fácil, sem esforço. Bota a grana ali e ela vai render, pronto.
Poucos são os que falam dos riscos do sistema. É que o capitalismo é bom de propaganda e tem o controle da fábricade ideologia. E lá se vão as velhinhas e os trabalhadores comprar ações. Aqui no Brasil também há um incentivo para que os trabalhadores usem seu décimo terceiro salário ou suas economias e apostem no cassino financeiro. E pasmem, existem sindicatos e centrais que fazem campanha para que isso aconteça. A idéia de que o trabalhador comum pode ser um empreendedor é hegemônica. E as emissoras de TV, com seus oráculos bonitinhos, se apressam a falar que, se é preciso que as gentes apertem os cintos por conta da crise, não é necessário temer. O Estado já interveio. Já colocou bilhões de dólares para salvar os banqueiros, afinal, como poderíamos viver sem bancos? Já os que apostaram suas economias nos cassinos financeiros, bom eles tinham de saber que havia riscos. Perderam e pronto.
Paradoxalmente serão eles os que salvarão os banqueiros, pois afinal, o dinheiro público de quem é? O capitalismo é bicho esperto, tem seus pedagogos da beleza, do engano, da ideologia embotadora. Vai minando a consciência de classe. Pois, o que fazer, se os sindicatos brasileiros, em sua quase esmagadora maioria, estão domados? O que fazer se as centrais sindicais gerem fundos de pensão e fazem campanha para que os trabalhadores se endividem? Como falar de socialismo e de distribuição da riqueza num tempo em que as pessoas estão em retirada, tentando salvar o que lhes resta da enganação do capital? Poucos são os que se dão conta de que a questão não é a crise em si, o salvar-se agora, o apertar o cinto esperando a tormenta passar. Esta é atormenta mesma. E ela só está mais forte no momento, mas é a mesma ventania capitalista que tudo arrasa, até as consciências, todo o santo dia e todo dia santo. Para os trabalhadores está dado o desafio. Vivemos até agora um tempo de arar a terra, de estudar, de desvelar os horrores econômicos impostos pelo sistema. E também estão aí os exemplos do que pode fazer a luta coletiva que tem como pilar mestre a idéia de povo - gente em luta. Está aí a Venezuela, o Equador, a Bolívia, onde a falência de instituições como sindicatos, governos e partidos levou ao crescimento dos movimentos sociais a às transformações cada dia mais radicais. Não dá para sentar diante da TV e acreditar que o capitalismo acabou. Ele é matreiro, manhoso e se recompõe muito rapidinho, a história nos mostra. As crises cíclicas do capital mostram o quanto este sistemaé predador e a cada uma delas fica claríssimo que quem perde sempre são "los de abajo".
Então é preciso sair às ruas, pedagogicamente retirando o véu do engano, explicando, provocando a consciência de classe. É hora de movimento, de semear. Mas, fundamentalmente, é hora de anunciar a boa nova: sim, é possível viver de outro jeito, organizar a vida de outra forma. Exemplos há e é tempo de espalhar a notícia.
* Jornalista no IELA - Instituto de Estudos LatinoAmericanos/UFSC

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