sexta-feira, julho 25, 2008

dia do trabalhador e trabalhadora rural


Dia 25 de julho. Um dia simbólico de luta de milhares de trabalhadores e trabalhadoras rurais do Brasil! Sim, hoje é dia deles e delas!! Engraçado que acaba passando em branco, já que o que tem valor e é "festejado" sempre são os dias relacionados aos aumentos das vendas, ou seja, quando o comércio bate record de vendas, como dia das mães, pais, namorados, crianças e tal. Já foi-se o tempo em que esses dias tinham o real significado, de caráter mais humano. Não que deixou o seu aspecto humano, mas hoje salienta-se a troca de bens, a compra e a venda. Mas já fui longe demais nessa digressão!


Dia da classe trabalhadora rural não é dia que o comércio ganha, pois trabalhador rural não tem poder aquisitivo alto para ter acesso aos bens de consumo! Aqui o foco é outro, pois a lógica que impera é da exploração da força de trabalho. Aqui o foco do capitalista não é a venda dos produtos de consumo, como nas cidades, mas sim a exploração da força de trabalho. Assim como Marx afirmava, a gênese capitalista encontra-se no campo, na figura do arrendatário e não no comerciante ou nas corporações de ofício como vulgarmente se imagina, exatamente porque é ele que vai primeiramente comprar força de trabalho para produzir mercadorias. A relação social fundamental, por meio da qual o capital se constitui, pressupõe o proprietário dos meios de produção, que compra força de trabalho, é por outro lado, o vendedor da força de trabalho que, uma vez expropriado e livre de quaisquer laços de servidão, só tem sua força de trabalho para vender. Somente no momento em que historicamente se produzem estas classes, é que é possível ao proprietário privado do dinheiro e de meios de produção, comprando força de trabalho, extrair um sobre-trabalho e acumulá-lo na forma de lucro privado.
Sim, esse é o pensamento capitalista que impera, já que a relação do detentor dos meios de produção confere ao dono da terra tal poder. Um poder econômico e político também! Enquanto que aos trabalhadores as condições que se perpetuam são de uma classe desvalorizada nesse sistema regido pelo capital!!!!

Zapeando de site em site hoje não vi nenhuma reportagem que pudesse me auxiliar aqui nesse texto! Visitei o site do Ministério do Trabalho e fiquei sabendo que dia 25 de julho é dia do motorista! Taí algo que eu não sabia!!!
No site do Ministério deu a notícia que a fiscalização resgatou 23 trabalhadores de carvoarias no Mato Grosso do Sul hoje. Já na Agência Brasil o destaque ficou para a possível invasão do MST na fazenda de Daniel Dantas.


O site da Contag estava em manutenção! Putz, justo hoje os caras decidiram arrumar o site, aí fiquei sem nenhuma informação da categoria. O MST estava com diversas manifestações nas ruas, pois a ação é parte da Jornada de Lutas por Reforma Agrária, que o movimento realiza pelo Dia do Trabalhador Rural. A jornada tem como objetivo denunciar a demora na criação de assentamentos, além de promessas não cumpridas pelo governo.





O MTE apresenta estatísticas dos resultados das fiscalizações do trabalho em 2008, eis alguns dados:


Resultados da Fiscalização do Trabalho
janeiro a junho de 2008 /

RESULTADOS DAS OPERAÇÕES DE FISCALIZAÇÃO MÓVEL SIT/DRT
  • Nº. de operações realizadas ...................................51
  • Nº. de Fazendas Fiscalizadas..................................92
  • Trabalhadores(as) Resgatos(as)............................2.200
  • Pagamento de Indenizações (R$)..........................3.510.934,33

Comparando-se os dados com o ano de 2007 vemos:


Resultados da Fiscalização do Trabalho
janeiro a dezembro de 2007 /

RESULTADOS DAS OPERAÇÕES DE FISCALIZAÇÃO MÓVEL SIT/DRT

  • Nº. de Operações ............................................114
  • Nº. de Fazendas Fiscalizadas ........................203
  • Trabalhadores Libertados .............................5.963
  • Pagamento de Indenizações (R$)..................9.878.840,98

Levando-se em conta a alta demanda do alcóol oriunda do crescente mercado do etanol brasileiro, por exemplo, tende-se ao aumento da produtividade, e conseqüentemente ao sucateamento das condições de trabalho dos canavieiros do país e, portanto, há de se levar em conta que a fiscalização deve ser maior e constante, já que os sucessos do Grupo de Trabalho Móvel, em comparação ao ano anterior deve ser maior.


Se formos observar atentamente veremos que o número de operações é relativamente pequeno num país com uma imensidão de adversidades e explorações das relações laborais, principalmente no campo. O próprio contexto mundial, com a crise dos alimentos, força ao aumento da produtividade de milho e outros grãos, por exemplo, e na mesma medida as condições de trabalho são sucateadas no campo. Conseqüentemente deve-se elevar a fiscalização das condições dos trabalhaores e trabalhadoras rurais, como a utilização de equipamentos de proteção e segurança, assim como as condições de salubridade, periculosidade, medições de corte e colheita, assim como segurança nos transportes e alimentação. Constantemente vemos noticiários de trabalho escravo, regimes de servidão no campo, trabalho de menores, exploração indígena, condições precárias de alojamento, e trabalhos exautivos que levam à morte. Esses são alguns dos problemas que inúmeros trabalhadores e trabalhadoras do país convivem diariamente. Portanto comemorar o quê? Comemorar estatísticas que se mantém? Relações de trabalho que perpetuam a exploração? Condições que equiparam trabalhadores e trabalhadoras a animais?


A mídia deveria sim fazer seu protesto! Todas querem criminalizar os movimentos sociais, mas não noticiam as condições diárias vividas pelas trabalhadoras e trabalhadores no Brasil. São poucas as exceções. Assim como Plínio de Arruda Sampaio afirma: "hoje, o rico tende, junto com toda a mídia burguesa, a gerar a idéia de que o pobre ameaça a boa vida que ele leva ou até mesmo a sua vida limitada, mas integrada no sistema”.



Protestemos!!!

quarta-feira, julho 23, 2008

Lei Seca



Em tempos de Lei Seca, fica registrada a criação de duas novas linhas de ônibus em São Paulo. Novas linhas começaram a funcionar na capital paulista na sexta-feira (18). Desde implantação, 609 passageiros já fizeram o percurso das novas linhas.

A São Paulo Transporte (SPTrans) informou nesta terça-feira (22) que, desde a sexta-feira (18), duas novas linhas de ônibus noturnas passaram a circular na capital paulista para facilitar o cumprimento da “lei seca”. As novas linhas são a 702N Terminal Parque D. Pedro II – Pinheiros e a 748N Terminal Lapa - Itaim Bibi via Vila Madalena/Sumarezinho, Pinheiros e Itaim Bibi.

A primeira vai funcionar todas as noites em ônibus convencionais das 23h30 às 4h40. Já a segunda funcionará em microônibus das 23h30 às 3h30. A partir das 4h começa a funcionar o sistema diurno de transporte público na cidade.

Desde a implantação até esta terça, segundo a SPTrans, 609 passageiros já fizeram o percurso das novas linhas. Atualmente, a capital paulista possui 30 linhas de ônibus que circulam à noite. Eis o trajeto das duas novas linhas:

702N Terminal Parque D. Pedro II - Pinheiros

Ponto inicial: Terminal Parque D. Pedro II

Ponto final: Avenida Brigadeiro Faria Lima, altura do nº 200

Ida: Terminal Parque D. Pedro II, Avenida do Exterior, Avenida Rangel Pestana, Rua Roberto Simonsen, Rua Venceslau Bras, Praça da Sé, Pateo do Colégio, Viaduto Boa Vista, Rua Boa Vista, Largo São Bento, Rua Libero Badaró, Viaduto do Chá, Praça Ramos de Azevedo, Rua Conselheiro Crispiniano, Largo do Paissandú, Avenida São João, Avenida Ipiranga, Praça da República, Avenida São Luis, Rua Martins Fontes, Rua Augusta, Rua Colombia, Avenida Europa, Rua Gumercindo Saraiva e Avenida Brig. Faria Lima.

Volta: Avenida Brigadeiro Faria Lima, retorno, Avenida Brigadeiro Faria Lima, Praça Luis Carlos Paraná, Avenida Brigadeiro Faria Lima, Rua Gumercindo Saraiva, Avenida Europa, Rua Colombia, Rua Augusta, Rua Martins Fontes, Viaduto Nove de Julho, Viaduto Jacarei, Rua Maria Paula, Viaduto Dona Paulina, Praça Dr. João Mendes, Rua Anita Garibaldi, Praça Clovis Bevilaqua, Avenida Rangel Pestana, Rua Dr. Bitencourt Rodrigues, Praça Fernando Costa, Rua General Carneiro, acesso e Terminal Parque D. Pedro II.

748N Term. Lapa - Itaim Bibi

Ponto inicial: Terminal Lapa

Sentido Único: Terminal Lapa, Rua Guaicurus, Rua Catão, Rua Roma, Rua Monteiro de Melo, Praça Civica, Rua Toneleros, Praça Sá Pinto, Rua Toneleros, Rua Cerro Cora, Rua Heitor Penteado, Rua Paulistânia, Rua Harmonia, Rua Purpurina, Rua Fradique Coutinho, Rua Cardeal Arcoverde, Avenida Brigadeiro Faria Lima, retorno, Avenida Brigadeiro Faria Lima, Rua Teodoro Sampaio, Rua Morato Coelho, Rua Aspicuelta, Rua Fidalga, Rua Purpurina, Rua Harmonia, Rua Paulistânia, Rua Cristovão de Burgos, Rua Heitor Penteado, Rua Cerro Cora, Rua Toneleros, Praça Sá Pinto, Rua Toneleros, Rua Tito, Rua Francisco Alves, Rua Jeroaquara, Rua Faustolo, Rua Scipião, Rua Guaicurus, Praça Melvin Jones, Rua Hebart, acesso e Terminal Lapa.

terça-feira, julho 22, 2008

A educação em Cuba


Recebi hoje esse e-mail, reproduzido pela Agência Prensa Latina, que pontua as reflexões do líder cubano Fidel Castro, no qual destaca o sistema educacional da Ilha e lembra que “nenhum país desenvolvido possui neste campo nossos índices de escolaridade e as possibilidades educacionais de todos os cidadãos, apesar do bloqueio injusto e o roubo descarado de braços, músculos e cérebros que sofre Cuba”.

Acho que vale a pena postar aqui, para uma reflexão e uma comparação com o nosso sistema educacional falido.

Abraços

Cris


"Os Estados Unidos e outros países ricos não podem sequer equiparar-se com o nosso. Têm, isso sim, muitos mais automóveis, gastam mais gasolina, consomem muitas mais drogas, compram mais quinquilharias e se beneficiam com o saque de nossos povos, como o fizeram durante séculos", acrescenta.



Leia abaixo a íntegra do texto:

A educação em Cuba


Parece que o nosso país é o que mais tem problemas de educação no mundo. Todas as notícias que chegam divulgam informação sobre muitos e difíceis desafios: déficit de mais de 8.000 professores, grosserias e maus hábitos de estudantes, insuficiente preparação; problemas, enfim, de todo tipo.


Não acredito, em primeiro lugar, que estejamos tão mal. Nenhum país desenvolvido possui neste campo nossos índices de escolaridade e as possibilidades educacionais de todos os cidadãos, apesar do bloqueio injusto e o roubo descarado de braços, músculos e cérebros que sofre Cuba.


Os Estados Unidos e outros países ricos não podem sequer equiparar-se com o nosso. Têm, isso sim, muitos mais automóveis, gastam mais gasolina, consomem muitas mais drogas, compram mais quinquilharias e se beneficiam com o saque de nossos povos, como o fizeram durante séculos.


O imperialismo aspira a que as mulheres cubanas voltem a ser mercadorias, objetos de prazer e serventes dos ricos. Não perdoam a luta pela libertação dos povos. Sentem falta dos anos em que a entrada dos cubanos negros aos centros de diversão estava proibida. Muitos cidadãos careciam de emprego, segurança social e assistência médica.
Para Martí, a liberdade era cara, havia que pagá-la por seu preço ou resignar-se a viver sem ela. Esse é o dilema que devem se propor todos os cubanos a cada dia.


Quanto há de verdadeiro nas esperanças de nossos inimigos? Só em nós mesmos está a resposta. Ou é que na educação podemos igualmente nos perguntar se utiliza-se o método burocrático de dar ciência sem consciência? Não acho que tenhamos regredido tanto. De todas as formas, é indispensável que cada um se faça a pergunta para evitar que se cuspa sobre nossa dignidade. Não esperemos perdão de nossos inimigos..


Há dezenas de milhares de pessoas que pensam, falam, atuam e tomam decisões. Nas mãos de todas elas estão as medidas que se adotam a cada dia.
Prestemos atenção aos nossos inimigos e façamos todo o contrário do que esperam de nós para seguir sendo o que somos.


Apela-se às nossas consciências. A Revolução exige de todos nós, com razão, trabalhar mais, isto é, trabalhar! Resistimos 50 anos.. As novas gerações estão muito melhor preparadas; temos direito a esperar delas bem mais. Não nos desalentemos com as notícias dos inimigos, que tergiversam o sentido de nossas palavras e apresentam nossas autocríticas como tragédias. O manancial da ética revolucionária é inesgotável!



Fidel Castro Ruz

19 de Julho de 2008

sexta-feira, julho 18, 2008

de Burawoy à estratégia de Téo Vilela, em Alagoas


Governador de Alagoas, anistia dívidas do setor sucroalcooleiro, beneficiando principalmente as usinas coope-radas, sob a liderança do senador João Tenório, cunhado de Vilela e marido da Secretária da Fazenda, sob o álibi de ajudar as micros e pequenas empresas.


Os usineiros de Alagoas ganharam um novo perdão fiscal que vai engordar suas contas bancárias em mais R$ 1,5 bilhão. O novo ralo do dinheiro público foi criado recentemente pelo governador Téo Vilela e beneficia principalmente as usinas coope-radas, sob a liderança do senador João Tenório, cunhado de Vilela e marido da Secretária da Fazenda. É a segunda vez em menos de dois anos que o governo estadual perdoa débitos fiscais bilionários do setor açucareiro. A última renúncia fiscal ocorreu ainda no governo Ronaldo Lessa. Na época, as usinas e destilarias deviam ao Fisco R$ 1,9 bilhão em ICMS. Desse total, Lessa perdoou R$ 1,5 bilhão e negociou R$ 400 milhões em 120 parcelas.


A época do senhor de engenho não acabou lá pras bandas de Alagoas. Os donos de engenhos de outrora, são hoje capitalistas do açúcar. Lá quem manda são os usineiros e proprietários de imensas terras. E quão imensas terras!! A percorrer o interior de Alagoas, durante 2 horas pelas estradas que cortam o Estado é impossível não dar conta da imensidão de propriedades rurais, que em sua maioria pertencem aos próprios políticos. Percebe-se constantemente cartazes e muros com sobrenomes famosos do seio político de Alagoas, como Vilela e Lessa, por exemplo. Enquanto que se vê a precaridade, o sofrimento, a falta de infra-estrutura de cidadezinhas à beira da rodovia. E nas bandas de lá o próprio dono do poder político e econômico "perdoou" dívidas dos seus entes queridos!!!


A própria manchete do jornal Extra Alagoas, do último dia 14 tentava amenizar a bomba do dia: "Governo Téo perdoa mais R$ 1,5 bilhão de usineiros". Perdoar? Aqui se burlou lei para não pagar impostos!!!

Picaretagem das grandes!! Enquanto que a imensa maioria de trabalhadores dos canaviais sobrevive com um salário mínimo minguado, com precaridades de equipamentos de trabaho e segurança, péssimas condições doa alojamentos, exploração da mão de obra, que compete com o maquinário de última geração, sem contar as irregularidade no âmbito das medições e pesagem da cana, já que quem realiza tal tarefa é o usineiro! Muitos (muitos!) aproveitam da inocência e do baixo grau de escolaridade dos trabalhadores para enganar os trabalhadores e trabalhadoras no processo de medição!!
Após o acordo de cavalheiros, algumas indústrias pagaram as primeiras parcelas, mas depois esqueceram o compromisso firmado em cartório. Além de não pagarem o atrasado, deixaram de recolher os impostos dos últimos dois anos, acumulando débitos bilionários. Para beneficiar mais uma vez os usineiros, o governo estadual baixou o decreto parcelando dívidas fiscais das empresas em atraso, com anistia de multa, juros e correção. Em princípio o decreto é destinado a micro e pequenas empresas, mas no bojo da lei incluíram as usinas, que na verdade eram os destinatários finais da nova anistia fiscal. A inclusão do setor no novo perdão está no artigo 7º inciso II do decreto nº 3.699, de 31 de agosto de 200, que estende à cooperativa dos usineiros o benefício bilionário sob o álibi de ajudar as micros e pequenas empresas.

Fiscais de renda informaram ao jornal Extra que o novo perdão ao setor sucro-alcooleiro chega a R$ 1,5 bilhão. "Isto significa renúncia fiscal, que implica em improbidade", disse um dos tributaristas da própria Sefaz. Nesse caso, o governador pode ser denunciado por improbidade administrativa, cuja pena máxima é a cassação do mandato e a suspensão dos direitos políticos. Já a irmã Fernanda, pode ser denunciada pela prática de advocacia administrativa. Essa grave denúncia foi feita por técnicos da Secretaria da Fazenda na última assembléia geral do Sindifisco (sindicato dos fiscais de renda), na presença de pelo menos 300 associados.




No final de 2007, a Empat acumulava uma dívida de R$ 1,5 milhão em ICMS não recolhido ao Tesouro Estadual. Ao invés de pagar o débito, os usineiros usaram o "jeitinho brasileiro" de burlar a legislação e livrar-se da milionária dívida fiscal. A Secretária da Fazenda, Fernanda Vilela, esposa do senador e irmã do governador, foi incumbida de cumprir a tarefa criminosa. Usando de sua condição de chefe do Fisco, Fernanda Vilela mudou a inscrição estadual e o código de atividade da Empat para transformá-la em empresa de prestação de serviços, isenta do ICMS. O débito, que na época era de R$ 1,5 milhão, hoje passa de R$ 3 milhões, incluindo multa e correção da dívida pela taxa de juros Selic - Sistema Especial de Li-quidação e Custódia.

A partir da mudança do código de atividade, no final de 2007, a Emapt deixou de pagar ICMS mesmo que através de fraude, mas é obrigada a quitar o débito pré-existente à mudança, o que dificilmente ocorrerá. Afinal, usineiro não gosta de pagar imposto. Muito menos agora que tem a chave do cofre do Estado. Honestamente, nunca se fez tanto pelos usineiros.

Fiscais da Comissão do Açúcar assumem controle da FazendaToda cúpula da Secretaria da Fazenda é formada por fiscais de renda que integraram a Comissão do Açúcar, responsável pela fiscalização das usinas e destilarias de álcool ao longo dos últimos 20 anos. Foram eles, quem assessoraram a Cooperativa dos Produtores de Açúcar e Álcool do Estado na consolidação do famigerado Acordo dos Usineiros, que literalmente quebrou Alagoas. Quando assumiu a Secretaria de Fazenda, Fernanda Vilela indicou José Jairo Rabelo Machado para comandar a Corregedoria Geral da Sefaz, Adaída Diana do Rego Barros para a Superintendência da Receita, e seu marido José Otávio de Farias Costa, para o Departamento de Tecnologia da Informação. Jairo Rabelo, além de fiscal de renda, é comerciante do ramo de bebidas e frios importados e enfrenta processo administrativo por contrabando de bebidas e sonegação fiscal.


Hoje, no cargo de Corregedor, é quem dá as ordens aos demais fiscais de renda. Junto com Adaida, Jairo Rabelo é um dos responsáveis pelos acordos de cavalheiros assinados nos últimos 20 anos para beneficiar as usinas de açúcar e destilarias de álcool, com perdão de dívidas, renúncia fiscal e incentivos tri-butários. José Otávio de Farias Costa, marido de Adaida, também foi promovido por merecimento.


No governo passado ele foi demitido do Departamento de Tecnologia da Informação acusado de apagar débitos fiscais dos usineiros. Hoje, é o diretor do mesmo departamento e certamente continua passando a borracha nas dívidas do setor açucareiro. Há outros integrantes da "Comissão do Açúcar", que também foram convocados por Fernanda Vilela para cargos de gestão na Sefaz.Com tantos privilégios, o setor açucareiro alagoano, que já respondeu por mais de 50% da economia estadual, resume-se hoje a pouco mais de 5% da arrecadação do Estado.


CONTRABANDO DE ÁLCOOL - Outro grande ralo dos recursos públicos é o contrabando de álcool carburante, praticado por quase todas as usinas e destilarias de Alagoas. A prática é generalizada, as ordem na Sefaz é apreender os caminhões das usinas não cooperadas e fechar os olhos para o contrabando feito pelas indústrias cooperadas, como a Seresta, da família Vilela.Segundo fiscais da própria Sefaz, o álcool sai das destilarias direto para os postos de combustíveis do interior e da capital, sem pagar impostos.

A sangria nos cofres públicos é incalculável, mas sabe-se que a cada caminhão de 15 mil litros contrabandeados o Fisco Estadual perde R$ 1.400,00. Segundo informações oficiosas chegadas ao semanário Extra, o volume de álcool contrabandeado pode chegar a 15 milhões de litros por safra. Honestamente, nunca se fez tanto pelos usineiros.
Essa é a picaretagem que impera! Uma baita desigualdade!
Lá e cá, o poder político foi tragado pelo econômico.

Michael Burawoy, no ensaio “A transformação dos regimes fabris no capitalismo avançado” teoriza à respeito da politização no âmbito da produção dos regimes fabris, e a partir dessa temática analisa as realidades políticas do mundo laboral nos Estados Unidos e Inglaterra, assim como Suécia e Japão. Segundo o autor, as relações de produção não se restringem unicamente ao “processo de trabalho”, porém incluem “aparelhos políticos”, e a partir dessa ótica a reflexão recai também sobre os interesses do Estado nas intervenções que realiza, frente às políticas de produção, seja por meio da aplicabilidade de leis, na regulação de conflitos, como por exemplo, legitimar greves nos setores do funcionalismo públicos, ou até mesmo a adoção de medidas legislativas que alterem a jornada de trabalho.

A base do ensaio de Burawoy está alicerçada no papel que o Estado exerce frente ao processo de produção, seja na base de teorias que focam na naturalização das relações sociais na produção, ou seja, na supressão daquilo que torna as relações políticas algo singular. Ele combate a noção de subpolitização da produção, cujos defensores não reconhecem o espaço próprio da política no âmbito da produção. E é nesse jogo de interesses que o autor esquematiza o papel preponderante de intervenção frente aos processo de produção, na medida em que implica aos sindicatos, à legislação trabalhista e à previdência social uma presença integral na regulação dessas relações sociais.

A partir do reconhecimento da existência das degradações do trabalho, Burawoy vê no despotismo de mercado o único modo de regulação do processo industrial moderno, assim como enxerga que somente a partir da tendência geral de degradação do trabalho, os assalariados estarão limitados em seus campos de escolhas. Essa principal característica faz com que o despotismo seja uma forma “rara de regime fabril”, pois legitima o domínio sobre os trabalhadores através do ato coercitivo, via consentimento.

A regulação se opera pelo sentimento de cooperação entre a classe de trabalhadores, e não mais por uma coerção de origem direta da gerência, mas pela idéia de regras criadas e determinadas de forma tácita, de um modo que ao ser compartilhada pelos trabalhadores promove a solidariedade entre os mesmos, e de certo modo, tal diálogo propicia uma estreita margem de liberdade aos assalariados, funcionando como um dispositivo que conserva a relação entre a classe trabalhadora e gerencial.

Esse sentimento de solidariedade faz com que o assalariado, da linha de montagem, se ajuste ao ritmo de trabalho, gerando uma “satisfação pessoal” pois na medida em que ele recebe prêmios ou bônus pela participação nos lucros de vendas da empresa, ele se sente incorporado à gerência e, portanto, modulado ao trabalho. Eis um tácito exemplo alagoano!!!

quarta-feira, julho 16, 2008

O mecanismo de formação de monopólios

Segundo Elias, “a sociedade do que hoje denominamos era moderna caracteriza-se, acima de tudo no Ocidente, por certo nível de monopolização.” (Elias, 1993, v. 2, p. 97). A partir do século XI, no território do antigo Império Franco do Ocidente, o mecanismo de formação de monopólios conheceu dois desenvolvimentos e resultados principais para a consolidação da sociedade moderna.

Norbert Elias, no volume 2 do "Processo Civilizador", toma como ponto de referência a Idade Média, na construção de sua tese de como a sociedade ocidental se transformou no que é hoje. O primeiro momento desse desenvolvimento se operou no Feudalismo, em que a relação social do vassalo com seu suserano configurava a ausência de monopólio estatal da violência, pois o soberano possuía o domínio de suas terras, e como tal aplicava tributos aos seus vassalos, assim como permitia o acesso das terras pela vassalagem, e com isso não era o Estado quem detinha o monopólio da violência, mas a legitimação era do próprio suserano, que controlava seu território.
Trata-se de um processo contrário ao observado no era moderna, que transfere ao Estado a responsabilidade de assegurar o monopólio legítimo da segurança. Nos séculos XII e XIII, na medida em que ocorriam as guerras de conquistas territoriais alguns se tornavam mais proprietários, e obtinham o domínio e a capacidade de se impor aos outros. Com isso houve um processo novo, segundo Elias, já que a dinamização do comércio, a monetarização da economia e a ocupação das cidades, promoveu um aumento da capacidade de taxação de tributos, e com isso o surgimento do monopólio privado da cobrança dos impostos, armas e violência.
Percebe-se que o rei já não consegue estar presente em toda área de seu domínio, e portanto, é obrigado a constituir um quadro administrativo que lhe represente, pois anteriormente o suserano era quem gerenciava suas propriedades privadas. Entretanto, na era moderna a formação de um aparato administrativo torna público o monopólio estatal da violência, já que a observação dos indivíduos coage os outros, e assim o controle externo dos indivíduos se transforma em auto-controle. Elias tenta mostrar é justamente como se operou esse processo, ao longo da civilização, cujo auto-controle não estava introjetado nos indivíduos, mas foi aos poucos interiorizado pelos mesmos.

segunda-feira, julho 14, 2008

dos suplícios públicos de Foucault


Segundo Foucault, para entender o processo que aboliu os espetáculos públicos dos suplícios é importante perceber que no Antigo Regime a punição se dava por pequenos delitos, entendidos como ofensas aos corpo do Rei, exigindo, portanto, uma vingança. É preciso estar atento ao processo punitivo no século XIX, já que pode ser facilmente aceita a tese de que o Antigo Regime é atrasado e obscurantista, em virtude do processo punitivo daquele período. Entretanto Foucault desmonta essa idéia, afirmando que houve a operacionalização de uma outra gestão das ilegalidades, com outros objetivos, uma mudança da concepção por parte do Estado, que adotou uma distinta tecnologia do Poder, assim como a adoção de uma diferente concepção de “verdade”. Todo um aparato técnico, composto por diversas instâncias do Estado, como peritos, assistentes sociais e pedagogos, por exemplo, montam um conjunto de elementos extra-jurídicos.

E nessa formação normativa do indivíduo moderno, do século XVIII, processa-se um questionamento em torno da modulação penal do sujeito, pois agora ele vai ser julgado por aquilo que ele é, em virtude da própria mudança estrutural social do período. A riqueza do antigo Regime era rural e monetária, cujo poder era exercido em regulamentos e cobrança de impostos.

Entretanto, quando a propriedade privada se estabelece ocorre uma mudança de paradigma social, dos modos de produção e circulação de riquezas. Essa multidão aglomerada nas cidades, portos e hospícios, por exemplo, precisava de uma gestão das suas ilegalidades e de dispositivos disciplinares, segundo Foucault.

A tese do autor não afirma que foi a Lei e nem a Reforma os responsáveis pelo surgimentos das prisões, mas os acontecimentos históricos que ao distribuírem os indivíduos no espaço, mobilizou técnicas organizacionais, como por exemplo, a noção de poder não identificado mais com a figura de um Soberano, assim como a necessidade de criação do direito e do tempo fordista, no controle das populações.

Cris

sábado, julho 12, 2008

Memórias do subdesenvolvimento


MEMÓRIAS DO SUBDESENVOLVIMENTO /Memorias del Subdesarollo

(Cuba 97 min 1968).

direção: TOMÁS GUTIÉRREZ ALEA


Memórias do subdesenvolvimento é contextualizado em Cuba, no ano de 1962. Sergio, um diletante burguês, permanece em Cuba, enquanto sua família parte para o exílio. Sua inconsistência ideológica o mantém como um mero espectador de uma sociedade em convulsão. Uma vez perdido seu antigo mundo, ele não é capaz de se integrar ao processo revolucionário.


Passa a refletir a sua vida e a vida de seus amigos. Paira entre um fascínio e um desprezo!
Pequeno burguês que vive de renda em Cuba que passa pelo processo revolucionário, e vive seu mundo à parte das transformações sociais. Esse filme tras imagens verídicas das convulsões do próprio período, enriquecendo a obra.

Ah! e quem dera obras como essas tivessem maior divulgação e fossem acessíveis a todos! Seria uma grandiosa opção que essa temática fosse introduzida com mais ênfase em nossas vidas. Digo isso justamente por que seria muito sugestivo e bem vindo que as escolas públicas rodassem esse tipo de filme para os nossos jovens, ao invés dos mesmos "pastelões" norte americanos que monopolizam as salas comerciais de cinema!!!

sexta-feira, julho 11, 2008

O enigma da prisão de Foucault


Foucault mostra, na obra "Vigiar e Punir", a transição que se operou no processo punitivo, ao longo dos séculos, pois o conceito de prisão açambarcado hoje é uma invenção recente, que surgiu a partir do século XIX. Na descrição dos suplícios pode-se perceber como eles eram ritualizados e codificados, pois a tortura sendo pública ela objetivava trazer sofrimento, e na medida que deixa marcas no corpo do sujeito ao esquartejá-lo, por exemplo, ela traduz uma alegoria própria da cerimônia pública, ou seja de uma festa popular. E quando esse processo desaparece, a partir do século XIX, o corpo deixa de ser o alvo principal, pois ele é preservado pelo Estado, visto que aos poucos se opera uma separação entre o julgamento e a punição. O processo punitivo moderno vai publicizar o julgamento o quê no período Inquisitório era ocultado, já que inexistia o procedimento do tribunal, mas o que validava era a palavra soberana do Rei, enquanto que a punição dos dias de hoje vai se tornar uma prática velada, de responsabilidade dos mecanismos administrativos, ou seja, é o Estado que detém o ônus ao punir. O enigma da prisão moderna é justamento a existência de uma economia dos direitos suspensos e o caráter “humanizado” do processo, por que já não se visa punir o corpo do sujeito, como num regime selvagem. A marca que o Soberano imputa ao sujeito é a própria marca do poder, pois é no excesso de suplício que o soberano obtém legitimidade de governabilidade. Tal soberania é legitimada na própria confissão do suplício, pois não se busca obter a “verdade” do condenado, mas a “verdade” do soberano, já que no ato da confissão o sujeito reconhece a “verdade” de quem o condenou, independentemente da confissão declarada.

quinta-feira, julho 10, 2008

quarta-feira, julho 09, 2008

A morte de um burocrata


O 3º Festival de Cinema Latino Americano de São Paulo, com duração de 7 à 13 de julho de 2008 exibirá 121 filmes, produzidos por países latino-americanos, com sessões gratuitas, nas 3 salas do Memorial, no Cinesesc, na Sala Cinemateca e no Cinusp Paulo Emílio.



A Morte de Um Burocrata / Muerte de un Burocrata

Cuba, Tomás Gutiérrez Alea

(85 min 1966).direção: TOMÁS GUTIÉRREZ ALEA

Francisco, um proletário que inventou uma máquina de fabricar bustos de José Martí, morre repentinamente. Depois de ser enterrado, sua viúva se apresenta à administração para iniciar os trâmites da pensão. Para isso precisa da carteira de trabalho do morto, que foi enterrada com ele. Um sobrinho se encarrega de desenterrá-lo e começa uma enlouquecida papelada que o leva a alterar sua vida pacífica e ordenada.

Uma excelente comédia que critica o sistema burocrático, num estilo bem Mazaroppi. Impossível você entrar na sessão e não gargalhar com a problemática, vivida do começo ao fim do filme, pelo sobrinho do falecido Paco(Francisco). Paco foi um proletário, que ao ser morto foi enterrado com a carteira de labor. Resultado: para que a viúva consiga ter a pensão, o sobrinho viverá uma odisséia, em busca da carteira, guerrendo com as "facilidades" do sistema bucrocrático.

O que chama a ateção do filme é a originalidade de abordagem, justamente por que um tema tão recorrente nas nossas vidas, como a burocracia, é traduzido com simplicidade e de um modo cômico.

A cena ápice da comédia é o momento em que ia-se sepultar o tal falecido, mas como ele foi clandestinamente exumado, ele não pode ser enterrado novamente no Cemitério, já que não possui toda a documentação. É aí que começa a "guerra" entre os defensores do sistema burocrático versus os motoristas que transportam os defuntos.




Maiores informações do Festivel no site do Memorial da América Latina
Saudações
Cris

terça-feira, julho 01, 2008

Usineiros de Pernambuco terão de pagar multa por destruição da Mata Atlântica

Brasília - O Ministério do Meio Ambiente anunciou hoje (1º) medidas contra a destruição do bioma Mata Atlântica em Pernambuco. As usinas de cana-de-açúcar são o principal alvo. Como resultado da Operação Engenho Verde, realizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), foram autuadas todas as 24 usinas de cana-de-açúcar do estado, com aplicação de R$ 120 milhões em multas.


Além disso, os donos dos engenhos responderão a ação civil pública para reparação dos danos ambientais e a representação criminal. Segundo dados apresentados pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, as 24 usinas são responsáveis por “um passivo ambiental” de 85 mil hectares. “Não é só na Amazônia [que haverá fiscalização]. Acabou a moleza para o usineiros do Nordeste”, disse.

“Não interesse que costas quentes tenham os usineiros. Vão ter que recuperar a área degradada”, acrescentou o ministro, ao destacar que muitos produtores contam com “conivência política” para manter “irregularmente as usinas”.

Durante a Operação Engenho Verde, ficou constatado que as 24 usinas não têm licença ambiental. Em decorrência do desmatamento, Pernambuco passou a ser o estado com o menor índice de áreas preservadas do bioma Mata Atlântica. Enquanto a média nacional é de 8%, o índice pernambucano é de 2,7%.

“Essa turminha de Pernambucano está indo contra todas as ações de preservação ambiental”, criticou Carlos Minc.

Agência Brasil

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