quinta-feira, maio 28, 2009

Federal Motors?

28 de maio de 2009
do site do PCO

Depois de inúmeras tentativas de tentar se reerguer a montadora General Motors deve ficar em poder do governo norte-americano que deve comprar 70% de suas ações.
Foram um verdadeiro fracasso as negociações da montadora General Motors (GM) com os credores que não aceitaram a troca da dívida de mais de US$ 27 bilhões e dívidas por ações da empresa que corresponderiam a 10% de todo o capital.
Esta situação faz com que o pedido de concordata por meio da “Lei de Falências” se concretize na próxima segunda-feira, dia 1º de junho, data em que a montadora terá que apresentar novo plano de reestruturação.
A situação da montadora ainda pode ser outra, ainda mais provável, a compra, de mais de 70% de suas ações pelo governo norte-americano como forma de quitar a dívida e ainda ter dinheiro em caixa para continuar em funcionamento. A estimativa é que o governo Obama, por meio do Departamento do Tesouro desembolse pelo menos mais US$ 50 bilhões.
Esta compra ainda não está finalizada, mas o governo norte-americano já está em negociação com os credores para tentar quitar a dívida da montadora.
Caso seja concretizada esta negociação, o governo Obama terá estatizado na prática a GM que passará a ter 70% de todo as suas ações em poder do governo. Outros 17% vão estar com o sindicato de trabalhadores, o UAW, que fez acordo com a direção da GM para reverter pagamentos em atraso de salários e benefícios em troca de ações da empresa. Esta percentagem de ações que será destinada ao UAW equivale a US$ 6,5 bilhões, em tese, pois estas ações estão cada vez mais desvalorizadas. Outros 10% vão ficar em poder dos especuladores que tem bônus da empresa.

O fato é que a ação do governo norte-americano em injetar mais US$ 50 bilhões na GM falida, mesmo depois de já ter colocado quase US$ 20 bilhões na empresa e mesmo assim ela não se recuperar, revela a intenção do governo Obama em não deixar a maior montadora dos Estados Unidos sucumbir. Isto ocorre porque é uma parte da indústria norte-americana muito grande e que levaria a um prejuízo descomunal para a economia do País que esta de mal a pior. O que também precisa ficar claro é que apesar de ter 70% da GM, o governo Obama deve trabalhar para que aos poucos ela seja novamente tomada pelos capitalistas como é o interesse do governo desde o início.

quarta-feira, maio 20, 2009

Essa Batalha


Como conciliar a aniquiladora idéia da morte
Com este incontivel afã de vida?
Como acoplar o horror
Diante do nada que virá
Com a invasora alegria
Do amor provedor e
Verdadeiro?
Como desativar o túmulo com a semeadura?
Como vencer o machado com a flor?
Será que o ser humano é isso?
Essa batalha?

Lento mas vem
Lento mas vem
o futuro se aproxima
devagar
mas vem
hoje está mais além
das nuvens que escolhe
e mais além do trovão
e da terra firme
demorando-se vem
qual flor desconfiada
que vigia ao sol
sem perguntar-lhe nada
iluminando vem
as últimas janelas
lento mas vem
o futuro se aproxima
devagar
mas vem
já se vai aproximando
nunca tem pressa
vem com projetos
e sacos de sementes
com anjos maltratados
e fiéis andorinhas
devagar mas vem
sem fazer muito ruído
cuidando sobretudo
os sonhos proibidos
as recordações dormidas
e as recém-nascidas

lento mas vem
o futuro se aproxima
devagar
mas vem
já quase está chegando
com sua melhor notícia
com punhos com olheiras
com noites e com dias
com uma estrela pobre
sem nome ainda
lento mas vem
o futuro real
o mesmo que inventamos
nós mesmos e o acaso
cada vez mais nós mesmos
e menos o acaso
lento mas vem
o futuro se aproxima
devagar
mas vem
lento mas vem
lento mas vem
lento mas vem


*Mario Benedetti, poeta uruguaio, lutador do povo latinoamericano.

Nasceu em 14 desetembro de 1920, em Tacuarembó. Transvivenciou dia 17 de maio, em Montevideo.

sexta-feira, maio 01, 2009

Objetivação da contradição do capital


Aproveitando as manifestações do dia dos trabalhadores pela luta contra a exploração, as demissões num cenário de crise financeira mundial, no Brasil e no Mundo, é importante a reflexão em torno dessa data que foi instituída por iniciativa da Internacional Socialista (organização fundada e dirigida por Karl Marx e F. Engels) num congresso realizado em Paris no ano de 1889, em homenagem à heróica greve realizada três anos antes, em maio de 1886 na cidade de Chicago (EUA), na qual foi um movimento, que mobilizou milhares de pessoas, e foi brutalmente reprimido pelo Estado, resultando no assassinato de 12 grevistas e em dezenas de feridos, bem como na prisão e posterior condenação à morte dos principais líderes operários, que ficaram conhecidos na história como os “mártires de Chicago”.


Faço um paralelo com o debate que ocorreu no último dia 29, na FFLCH USP sobre "Marxismo e a Crise" na qual a apresentação do professor Ruy Braga foi bastante pertinente e atual. Ele apontou uma única saída para a crise econômica, que seria de ordem dos trabalhadores, já que o grande desafio é de uma imaginação política, pois visto que essa crise mostrou a irracionalidade do sistema e seu caráter predatório, é necessário exigir a racionalidade dos trabalhadores num momento como esse, que deve-se organizar em torno dos eixos da nacionalização dos bancos, de um plano que garanta trabalho, assim como uma escala móvel de trabalho e a redução da jornada de trabalho, sem a redução de salários!!

Hoje, na minha minha leitura de Georg Lukács da obra "História e Consciência de Classe" percebe-se como a obra de 1923 é atual já que ela contribui de modo significativo na compreensão e expansão de teorias da reificação, falsa consciência, totalidade e consciência de classe.
"Em outros termos, desde que a crise econômica final do
capitalismo entrou em cena, o destino da revolução (e com ela o da humanidade)
depende da maturidade ideológica do proletariado, da sua consciência de
classe
". (pag. 174)


E segundo Lukács, "para o proletariado, sua ideologia não
é uma "bandeira" de luta, nem um pretexto para as próprias finalidades, mas é a
finalidade e a arma por excelencia
".

E num contexto em que ocorrem a compressão da massa salarial, de demissões em massa e de flexibilização dos direitos conquistados dos trabalhadores, concomitantemente a uma retomada da taxa de lucros percebe-se quão desigual tem-se mostrado o sistema. Lukács diz que "Somente a consciência do proletariado pode mostrar a saída para a crise do capitalismo. Enquanto não existir essa consciência, a crise será permanente, retomará ao seu ponto de partida, repetirá essa situação até que, finalmente, após infinitos sofrimentos e terríveis atalhos, a lição pedagógica da história conclui o processo da consciência no proletariado e coloca-lhe nas mãos a condução da história."

Segundo ele o proletariado possui a vocação da revolução, e principalmente, num cenário de crise econômica a totalidade é possível de ser visualizada, ou seja, torna-se compreensível e apreensível a relação com a sociedade como totalidade, e somente aí se revela a consciência que os homens tem de sua existência.


O professor Vladimir Safatle salientou que trata-se de uma crise não só econômica, mas é também política, por que o que vemos hoje é uma gestão que ignora as pressões sindicais, que flexibiliza os direitos do trabalho, e esvaziou as decisões do Estado. Temos meramente um Estado que cria as condições para que os atores do mercado ajam sem entraves. Não se trata de um desvio de moral de alguns que prejudicaram todos, isto é, não houve um grupinho de investidores em Wall Street culpado pela crise vivenciada, mas um modelo de gestão que propiciou toda a avalanche de falências, quebras, perdas e demissões. A bomba estourou na mão do trabalhador da periferia de São Paulo, assim como no povoado chinês, e este mesmo modelo que permitiu essa crise deve ser posto em cheque. Não se pode mais estar à mercê do bel prazer do mercado, mas devemos reivindicar uma nova regulação política que possa tomar as rédeas de uma democracia também. E Lukács completa:


"Como produto do capitalismo, o proletariado está necessariamente submetido
às formas de existência de seu produtor. Essa forma de existência é a
inumanidade, a reificação. Decerto, por sua simples existência, o proletáriado
é a crítica, a negação dessas formas de existência. No entanto, até que a crise
objetiva do capitalismo se complete, até que o próprio proletáriado tenha
adquirido uma visão completa dessa crise e a verdadeira consciência de classe,
ele é mera crítica da reificação e, como tal, eleva-se apenas negativamente acima
do que nega
".

Cris Bibiano


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