sexta-feira, outubro 09, 2009

Escolaridade não puxa rendimentos no setor rural

Segundo estudos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) a exigência por mais escolaridade entre os trabalhadores rurais não tem sido capaz de impulsionar os rendimentos das trabalhadoras e trabalhadores do setor, da mesma forma que se observou no mesmo estudo que mais de 54% das demissões ocorreram com trabalhadores com 30 anos ou mais. Ou seja, ao contrário do que ocorre nas cidades, o trabalhador do campo não verá seus rendimentos salariais aumentarem com mais anos de estudos.
O perfil da mão de obra absorvida no campo é de um trabalhador jovem, que no pós-crise vê seu salário ser reduzido. Se não bastasse isso, aqueles que estão na faixa etária acima de 30 anos já são considerados pelo sistema do agronegócio como mão de obra a ser trocada, demitida, já que o jovem está mais "apto" fisicamente ao sofrimento que o campo reserva. O salário dos admitidos no semestre, na média dos setores da agropecuária, foi 6,8% inferior ao verificado no caso dos trabalhadores demitidos. Percebe-se que demissão tem sido usada como instrumento de redução de custos do patronato, já que o índice de rotatividade acaba se elevando, ou seja, o usineiro contrata por um curto período (utiliza o período da safra e entre-safra como justificativa) e demite, enquanto que ao re-contratá-lo, num segundo momento, a redução salarial será de 6,8%. Num país onde os patrões tem total liberdade para as práticas de demissão a rotatividade do setor é alta, e com isso o patrão objetiva reduzir os custos de pessoal. Enquanto isso o trabalhador fica à mercê da alta rotatividade, com redução dos seus salários. Isso sem falar da problemática e das sérias falhas educacionais e de qualificação...Fica para outra postagem.
Uma sequela da crise econômica-financeira no setor rural foi a redução da oferta de postos de trabalho. Um diagnóstico feito para a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) aponta uma redução superior a 43% na geração de novos empregos no primeiro semestre deste ano na comparação com os mesmos períodos de 2008 e 2007. O estudo do Dieese mostra que o acumulado de janeiro a junho, deste ano, foram criados 128.874 postos de trabalho, enquanto que em 2008 o setor criou 227.030 novas vagas. Já em 2007, no mesmo período, 238.437 novos empregos foram criados na agricultura.
Em termos regionais, nos seis primeiros meses de 2009, o Sudeste e o Centro-Oeste foram os principais responsáveis pela geração líquida de postos de trabalho. Foram as únicas regiões a apresentar saldos positivos no conjunto do setor agropecuário.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2008, divulgada nesta sexta-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de analfabetismo de pessoas de 10 anos ou mais na região centro-oeste é de 7,4%, e no sudeste com 5,4%, enquanto a região Nordeste lidera a lista com maior índice de analfabetismo do país, com 17,7%.
São taxas de analfabetismo ainda bastante significativas no país, e nessas regiões em particulares, já que são regiões que possuem um expressivo mercado agropecuário de cana e laranja, por exemplo. São Paulo lidera com a produção de cana de açúcar, mas que no momento pós-crise percebe uma queda dos salários no meio rural, da mesma forma que percebe um número significativo de analfabetos, como a região nordeste. O cenário do trabalhador do meio rural, neste pós-crise, além de precarizado (como sempre foi, lamentavelmente), é mal remunerado e perverso, pois exclui os mais velhos, sem qualificação. Muito a progredir!
CB

Um comentário:

É tudo ilusão de ter passado disse...

Oi Cris,

Muito legal o artigo. Embora nao comente, sempre que posso dou uma passada por aqui...

beijo, e vamos marcar o cine!


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