sábado, agosto 30, 2008

do novo paradigma da violência

Segundo Dahrendorf, nas sociedades ocidentais pós II Grande Guerra, “existe uma percepção amplamente generalizada de sérios problemas de lei e ordem.” (...) E as razões existem” (Dahrendorf, 1987, p. 18).
Se as razões existem, segundo Dahrendorf, eis uma explicação do novo paradigma da violência, no mundo contemporâneo, que lembram os termos propostos por Michel Wieviorka.

Dahrendorf funda sua análise a partir da existência da institucionalização dos conflitos sociais, nas sociedades ocidentais pós 2ª Guerra Mundial oriundos, primordialmente, do desenvolvimento industrial, que promoveu a dissociação entre o controle dos meios de produção e da propriedade. Conforme se operou o aumento da profissionalização da classe trabalhadora, essa mesma classe ascende socialmente, compelindo à equalização do status intermediário.
Tal situação favorece ao acirramento das lutas pelas reivindicações sociais, na medida em que favorece a anomia social, fruto da incapacidade do Estado de promover os direitos humanos. A existência da anomia nas sociedades contemporânea é o argumento central que explica os novos paradigmas da violência, entretanto não se circunscrevem somente à erosão da lei e da ordem, mas é pautado por uma participação dos indivíduos na sociedade determinada pelo consumo.
A “oportunidade de vida” promovida pelo desenvolvimento industrial, é norteada, pelo crescente consumo que aliena os indivíduos frente as transformações oriundas da globalização, promovendo um individualismo de caráter pejorativo, ou seja, o conceito de felicidade está fortemente associado ao consumo. Trata-se de um movimento inexorável de anomia, por que esgota-se a forma weberiana de um Estado detentor do monopólio da violência. A globalização, na medida em que, aproxima territórios e derruba barreiras culturais, fragiliza as relações entre os grupos, numa sociedade estruturada no consumo, que exclui outros indivíduos já carentes de identidade coletiva, gerando infelicidade e frustração.
Essa explicação de caráter marxista, dialoga tanto com o argumento de Wieviorka como de Dahrendorf, pois funda a tese da existência da anomia proveniente de uma participação do indivíduo regulada pelo acesso aos bens escassos, e aqueles que não conseguem a “oportunidade de vida” promovida pela economia estarão propensos às revoltas violentas.
Cris

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