quinta-feira, janeiro 29, 2009

Depoimento


"o pau-de-arara é uma árvore seca que ainda não tombou, que não tem valor, que não tem voz, que não é visto por ninguém. Mas é preciso lembrar uma coisa: se um dia, acabar os paus-de-araras, todos os proprietários morrem de fome, porque eles não sabem fazer nada. Nosso valor é imenso e é por isso, que é preciso uma voz, um apoio pra nós.


O juiz, o advogado, o médico, os proprietários, os ricos, enfim, não reconhecem nosso valor. Mas eles esquecem que o arroz, o feijão, o café, tudo o que eles comem provém destas mãos, cheias de calos. Nós sofremos, nós somos jogados como lixos nos sacos para serem transportados nos caminhões, nós somos lixos para eles."


Depoimento do Sr. José, 50 anos, branco, 1978, ex-colono expulso de uma fazenda de café. Aqui ele esclarece o peso e o (des)valor do significado de ser "bóia-fria", na passagem do livro Errantes do Fim do Século, de Maria Aparecida de Moraes Silva.

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