quarta-feira, junho 04, 2008

Contradição


Impressionante como a política social é pautada pela necessidade da empregabilidade, ou seja, pelo salário. É mercadorizado, por que o novo padrão de políticas públicas é pautado por essa necessidade, e na medida em que isso ocorre as condições de existência ficam colocada para segundo plano.

Aí eu pergunto: como pensar numa política pública que venha proteger a criança e o adolescente?

As teorias são muitas para a compreensão das desigualdades e carências sociais no Brasil. Ao participar da aula de políticas públicas para jornalistas, segunda-feira na Usp, eu percebi (ao longo as aulas também) o quanto se teoriza, tenta-se mapear, com recursos estatísticos, e com índice de vulnerabilidade. Revelam-se números, dados de quantificaçção da pobreza, entretanto percebe-se uma reprodução de ações que possam, de fato, institucionalizar ações concretas. Falo isso por que ao longo da história houve essa tal "preocupação" em quantificar e a partir disso, mostrar a realidade perversa, entretanto, nota-se uma vagarosa implantação, de fato, das ações.

Há 18 anos fala-se do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), na proteção às crianças, mas a escolarização e a qualidade da educação básica e fundamental nesse país é precária, principalmente nas regiões periféricas das grandes cidades.

Aí hoje vemos uma descontinuidade entre os governos, no que tange aos programas sociais. A educação é educação em qualquer governo, assim como saúde, mas essa descontinuidade de políticas públicas ( e políticas de governo, assim entendidas como institucionalizadas pelo Estado) abre brechas para a ausência de garantias dos cidadãos.


E nesse sistema "mercadorizado" que estamos inseridos, a política social é pautada pela empregabilidade, pelo salário. Aqui eu "amarro" nesse espaço de discussão para dar esse grito. Como fazer valer o Estatuto da Criança num mundo sob a égide da mercantilização das políticas públicas e governamentais?



Pretende-se pautar o desenvolvimento social amparado na economia.

Percebe-se que no círculo jornalístico a existência um grau de preconceito e desinformação dos jornalistas quando se relaciona pobreza com a quantidade de número de filhos. Boa parte dos jornalistas naquele curso aceitam com facilidade a idéia de que são pobres por que fazem mais
filhos. Absurdo!

Aceita-se a idéia de que nas periferias a pobreza existe pelo "atraso" dos pobres, já que os mesmos fazem muitos filhos!
Impressionante que se sustente tal idéia, principalmente por que os tais formadores de opinião desse país detêm forte poder!

E as críticas são muitas a esse governo, por parte dos jornalistas. O Bolsa Família só paga para quem tem 3 filhos, no máximo, mas os críticos de plantão, não perdem a oportunidade de atribuir ao governo a causa do problema da pobreza. O benefício é voltado à criança, e é mediado pela família. Espanta-se com o
grau elevado de preconceito existente no meio jornalístico, ou seja, os formadores de opinião. E acabo indo um pouco mais além: bem que as escolas de jornalismo poderiam incluir mais em suas grades escolares matérias relacionadas à sociologia e antropologia!!



Há uma tendência simplista em culpabilizar a situação em que o país vive ao pobres. Repassa-se a culpa ao trabalhador, e a partir daí a pobreza é criminalizada, ou seja, o menor é potencialmente criminoso para o desenvolvimento do país. A interpretação dessa atribuição de culpabilização é errônea e, infelizmente norteia tal senso comum entre a classe jornalística. Com isso reproduz-se tal interpretação!

Um protesto!

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