sexta-feira, maio 23, 2008

prosa de um canavieiro II

A resignação refletida naquele olhar
naquele dia, naquela tarde,
em que o sol já se ia
e a lona negra era estendida
sim, cabana sobre chão de terra batido
vento da zona da mata
que anunciava chuva à vista

o ônibus passa na estrada
recolhendo o trabalhador daquele dia
que deixou seu suor e esperança
naquela terra de muita fartura e desigualdade
pra trazê-lo de volta amanhã
e prosseguir com trabalhoso destino do domínio.

o caminho de volta pra casa é longo
por que a fome e sede chega de vez em quando
e traz na lembrança muita dor de um dia que faltou
calor da mulher e filhos
que um dia ele deixou
em busca de melhor dignidade e condição humana.

talvez isso tudo seja utópico
que assim seja!

Por que isso hoje é pesadelo aqui na terra
terra pra poucos vivê com alegria
por que com o outro resto
ninguém mais se importa!

que seja utópico!
que seja um grito apaixonado!
melhor viver na sede por dias melhores
do que na sombra do conformismo.

Gritemos então,
façamos um pouco, façamos muito,
a nossa parte;
por que não fazer nada é resignar-se,
é aceitar e percorrer doloroso trajeto.
Eu não quero isso pra nenhum irmão meu,
Sonhemos então, por que a realidade é amarga pra muitos
e enquanto sonhemos
caminhemos para um amanhã um pouco mais real.

Cris

Um comentário:

Kabibs disse...

Manina queridaaaaa.... o que é isso?! Esse maravilhoso poema foi de sua propria autoria ou seja, seu proprio punho???? Não...Fabuloso!!!
Um ano em Letras te fez muito bem,hein... Que orgulho!!! Parabéns, Congratulation, Felicitaciones!!! Bjs


contador gratis