terça-feira, novembro 03, 2009
Sancionada lei que cria o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo
Entretanto há de se lembrar que a PEC do Trabalho Escravo (PEC 438/01) - do senador Ademir Andrade, que prevê a expropriação de terras em que haja trabalhadores e trabalhadoras em condições de trabalho escravo. Esperamos para que a matéria seja votada e aprovada ainda este ano, pois aí sim poderemos comemorar, de fato!
quarta-feira, outubro 21, 2009
Bem que eu desconfiei
É seguindo a mesma linha de raciocínio que indago o leitor e deixo a pergunta: Por que não nos indignamos, igual ou até mais, quando vemos que o Estado brasileiro vai privatizar o serviço público de saúde e a educação? Por que não nos revolta (tanto quanto a revolta da laranja) o fato de vermos que os parlamentares do Congresso recebem salários supra elevados? Interessante como impera no país uma lógica que mais uma vez criminaliza um movimento, como o MST, enquanto que do outro lado aceita tacitamente a exploração humana de trabalhadores, a escravidão de trabalhadores nas culturas de laranja e cana-de-açúcar, as compras de passagens aéreas no Congresso com dinheiro público... Aliás, a mídia defensora do status quo, omitiu a razão da invasão da laranja: trata-se de terras fruto da grilagem contestada pelo Incra, ou seja, são 10 mil hectares de terras públicas que a Cutrale invadiu, e usa de forma ilegal, pois explora trabalhadores no monocultivo de laranja e lucra muita grana ao exportar suco de laranja aos EUA, por exemplo!
Aliás, uma outra pergunta: Quem invadiu as terras primeiro? A Cutrale ou o MST?? Aos olhos dessa mídia hipócrita, o MST é o vândalo que invade, enquanto que a Cutrale não!
Estranho, mas esse mesmo status quo que a mídia defende não é necessariamente o status do tratamento da igualdade para todos os indivíduos neste país! É claro que não, pois a calhorda defende uma das famílias mais ricos do mundo, pois a revista Veja, por exemplo, é amiga pessoal da família Bush. Bem que eu desconfiei!
CB
sexta-feira, outubro 09, 2009
Escolaridade não puxa rendimentos no setor rural
sexta-feira, setembro 18, 2009
lei de zoneamento da cana
terça-feira, setembro 15, 2009
trabalho degradante em obra de hidrelétrica
Os trabalhadores foram recrutados pela empresa através de “gatos” (pessoas que intermediam as contratações mediante pagamento pelo trabalhador) com a promessa de receberem salários entre R$ 650 a R$ 1.200,00, mas na carteira de trabalho foi anotado apenas um salário mínimo. Muitos trabalhadores se endividaram ao fazer empréstimos com terceiros para pagar ao aliciador e custear as despesas com a viagem até Rondônia.
Com investimentos de R$ 10 bilhões a hidrelétrica de Jirau terá capacidade de abastecer cerca de 10 milhões de casas, a partir de 2012, e conta com 1.400 trabalhadores nas obras.
domingo, agosto 30, 2009
o trabalhador pagou mais uma vez a conta
terça-feira, agosto 25, 2009
recorde na colheita de cana
sábado, agosto 01, 2009
a juventude e o trabalho
Um texto que acabo de ler e recomendo a todos interessados na temática da juventude e mercado de trabalho chama-se “Educação, trabalho e vida”, de Suzanna Sochaczewski, técnica do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos) que reinterpreta a pesquisa realizada da PED 2005 – Pesquisa de Emprego e Desemprego – para o Distrito Federal e as regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo. O núcleo que a autora vasculha é o modo como o jovem ocupa o mercado de trabalho, qual o perfil, a renda familiar, o histórico laboral e estudantil deste jovem que ao vender sua força de trabalho não consegue, na sua maior parte, conciliar estudo com trabalho. Segundo ela, em “todas as regiões pesquisadas, a proporção de jovens ocupados que somente trabalha é sempre maior que a proporção daqueles que estudam e trabalham.”
Um momento importante da minha leitura, que chamou muita atenção e fez sentido foi relacionar, dialogar e assim perceber a relação dos dados da pesquisa da PED com a realidade, e a partir dessa visão da totalidade da problemática captar o quão a bandeira da educação é primordial na luta por uma sociedade mais igualitária, de um modo que a educação sendo um instrumento acessível a todas a s camadas venha a ser o divisor de águas da história do país. Investir numa educação voltada ao conhecimento ao saber, que não seja unicamente voltada ao mercado, ao fazer, mas sim que proporcione a reflexão em nossa juventude. A própria autora diz que um outro mundo só é possível quando se tem conhecimento de como será este outro mundo, ou seja, por meio do conhecimento, promover sonhos em nossa juventude é mostrar que o “utópico” é possível, de um modo que o sonho se torne realidade.
E foi nessa linha de investigação que eu desenvolvi meu ensaio final de curso, no primeiro semestre deste ano, na disciplina do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho, “Psicologia, desemprego e carreira profissional: campo de investigação e prática”. O projeto de estudo do curso se estruturou no campo investigativo, e a partir das teorias (psicológicas e sociológicas) desenvolver uma análise que permitisse estudar os jovens que estivessem em busca de emprego nos Centros da Apoio ao Trabalhador (CAT- LAPA). Foi uma experiência enriquecedora na compreensão da temática jovem e mercado de trabalho. Fui à campo e nas entrevistas com os jovens pode-se perceber que as estatísticas respondem à realidade vivida pela juventude. Todos os entrevistados, moradores das regiões periféricas da cidade de São Paulo, oriundos do ensino público, buscam espaço e destaque no mercado de trabalho. Trabalham para a manutenção de sua sobrevivência e de suas famílias, têm perspectivas de futuros pautadas na aquisição de bens, e na constituição de família. Em sua maioria esmagadora, não possuem estudo médio. Poucos sonham chegar a universidade, muito menos numa universidade pública. A educação pública parece não ser prioritária por que a educação pública não foi uma política prioritária dos governos municipais e estaduais, nas últimas décadas.
Segundo dados, hoje são mais de 50 milhões de jovens na faixa dos 15 aos 29 anos de idade iniciando sua trajetória em busca de oportunidades em educação e inserção no mundo do trabalho. Segundo pesquisa “Jovens e Trabalho no Brasil – desigualdade e desafios para as políticas públicas”, da organização Ação Educativa, em parceria com o Instituto Ibi e apoio do Dieese, 41,3% dos jovens só trabalham; 20,8% só estudam; 15,4% conciliam trabalho e estudo; e 12,7% não trabalham, não estudam e não estão à procura de emprego. Portanto, a temática “emprego e trabalho” constituem, de fato, as maiores preocupações da juventude brasileira. Até por que os jovens fazem parte da população mais afetada pelo desemprego e pelo processo de precarização do mercado de trabalho. Segundo estudo, 66% da população jovem (de 14 a 29 anos) estão no mundo do trabalho ou em busca de trabalho, e entre aqueles que só trabalham há profundas desigualdades entre aqueles jovens com maior e menor renda familiar.
Perfazendo um breve paralelo do nosso estudo com esses dados, consideramos que as nossas entrevistas realizadas no Centro de Apoio ao Trabalhador (CAT-Lapa) focou num público específico, que objetiva uma colocação profissional, ou seja, estão contabilizados nos 66% que estão no mercado de trabalho ou em busca.
Portanto, a análise dos rendimentos é o fator preponderante na compreensão do movimento que afastaria os jovens da escola e os levaria ao trabalho. Se considerarmos que o ensino público, voltado àqueles que não podem pagar por uma educação privada de melhor qualidade, encontra-se sucateado e precarizado, principalmente nas regiões periféricas e de domicílio desses jovens, e que atende a parcela de jovens com poder aquisitivo baixo, novamente vemos que a questão da renda está, de certa forma, atrelada à esse movimento que expulsa a juventude da escola para o mercado de trabalho.
sábado, julho 25, 2009
quarta-feira, julho 08, 2009
Perpetuação?
com o suor, com nó
na garganta o grito se cala,
a água é turva, a sede é tanta diante do deserto de resignação.
Os barracos de sapé cravados em terreno íngreme,
submetidos a condições precárias
revelam a realidade perversa
de uma gente sem gente,
que ao receber a carteira de trabalho
acha que é o primeiro documento da vida,
da liberdade, pós escravidão
que submete, homem, mulher e criança
a mais duras jornadas e ao mínimo do mínimo salário,
além do pão duro com água esquentada dia após dia.
Précaria condição,
ainda vergonha da nação
que hoje flagra todo dia
não mais com espanto
a essa desumanização
e a ação criminosa do usineiro ladrão!
domingo, junho 21, 2009
do editorial da Folha de São Paulo
O editorial cita com superficialidade quando o assunto é a melhoria das condições dos 500 mil cortadores de cana no país, ao levarmos em conta que o salário médio de um cortador é de R$ 565,00, cuja base de pagamento ainda é feito pela produtividade, e não pelas horas trabalhadas. Se o compromisso nacional para melhorar as condições dos cortadores de cana é, segundo o EDITORIAL da FOLHA de SÃO PAULO, “abrangente o bastante para ser satisfeitos todas a partes” eu lhe pergunto, que tipo de abrangência foi estabelecida ao ponto de ignorarem a necessidade da criação de um piso nacional para os canavieiros?
Tratam-se de trabalhadores que competem sua mão de obra com a mecanização, e que trabalham em jornadas exaustivas, muitas vezes até a morte, e que reivindicam legalmente o direito de salário por hora trabalhada. E que segundo a própria FOLHA, em matéria publicada no dia 31 de março de 2009, diz que a crise financeira desacelerou a mecanização da cana-de-açúcar em São Paulo. Segundo dados do CAGED/MTE, a movimentação do mercado de trabalho celetista do cultivo da cana-de-açúcar, em São Paulo obteve em 2008 um saldo positivo de 7.072, ou seja, admitindo-se 133.373 trabalhadores, e desligou-se 126.301 canavieiros. Em 2007 o saldo também obteve marca positiva de 3.463, assim como de janeiro a abril de 2009, o número de trabalhadores admitidos foi de 72.823, e de desligados foi de 20.498, isto é, mesmo em meio a uma crise financeira o setor desacelera na mecanização, obtém saldo positivo na contratação, embora com um número reduzido de mão-de obra desde 2007, mesmo assim nega aos muitos explorados a dignidade de um piso nacional da categoria.
terça-feira, junho 09, 2009
Flagrante de trabalho escravo na BA
Empresas se negam a pagar salários de 174 carvoeiros encontrados há dez dias em situação degradante. Governo acusa patrões de cortar a comida para forçar saída de trabalhadores
As condições consideradas análogas à escravidão foram flagradas na Fazenda Jaborandi II, uma propriedade de mais de 36 mil hectares localizada no município do mesmo nome, próxima à divisa com Goiás. A operação do governo foi prorrogada até que as empresas paguem o que devem aos trabalhadores.
Ação do grupo móvel, integrado por auditores do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com apoio da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público do Trabalho (MPT), identificou no local as três condições que caracterizam o trabalho escravo: alojamentos e fornecimento de comida e água precários e sem higiene, restrição de liberdade devido ao isolamento da fazenda, combinado com trabalho contínuo em finais de semana e feriados, e a servidão por dívidas.
Segundo o MPT, os trabalhadores foram aliciados para o trabalho por “gatos”, nome dado aos intermediários desse tipo de mão-de-obra, e não tinham carteira de trabalho assinada. Estavam sem receber salários, viviam em instalações precárias, sem equipamentos de proteção e mantinham dívidas com itens básicos de sobrevivência “anotadas no caderninho”.
Para comer, os trabalhadores eram obrigados a adquirir produtos nas “cantinas” da fazenda, com ágio mínimo de 30% em relação ao preço de mercado. As três mulheres cozinheiras tinham de usar como banheiro um cercado de plástico no meio do acampamento.
Os carvoeiros, aliciados em Goiás, Minas Gerais e Piauí, abasteciam 450 fornos em jornadas de até 9 horas por dia. Segundo os fiscais, a jornada deveria ser de no máximo 8 horas, desde que os trabalhadores tivessem equipamentos de proteção, principalmente máscaras e botas para se protegerem da fumaça e do calor das três baterias de fornos. Os alojamentos, quando não eram improvisados com lonas, ficavam próximos das baterias de carvão. Como isso, a fumaça invadia constantemente os dormitórios, segundo o relato dos trabalhadores ouvidos pelos fiscais.
O impasse fez com que o MPT pedisse à Justiça o bloqueio de R$ 366.271,11, referentes a dívida trabalhista de 154 trabalhadores, das contas das empresas Rotavi e Carvovale, ambas responsáveis pela exploração do carvão. A ação foi deferida, ainda na última quinta-feira (4), em liminar dada pela Vara do Trabalho de Bom Jesus da Lapa (BA).
Enquanto o procurador do MPT, Lúciano Leivas, tratava da ação, os fiscais do MTE e os policiais federais encontraram mais 20 trabalhadores da carvoaria escondidos pelos "gatos" em acampamentos improvisados no meio do mato.
A descoberta desses trabalhadores, que ainda não tinham sido identificados, fez com que a polêmica ficasse ainda maior, pois as empresas não reconhecem esses outros 20 carvoerios e os fiscais exigem que o pagamento seja aumentado para R$ 460 mil, contemplando todos os trabalhadores encontrados na fazenda, uma área com mais de 36 mil hectares. "Esse é um dos motivos da controvérsia com os representantes das empresas que se apresentaram até agora no local. Eles não reconhecem a situação encontrada pelo grupo móvel e têm feito uma negociação totalmente desleal desde o início da operação", diz Luciano Leivas.
Ainda segundo o representante do MPT, impasses como esse são incomuns nas operações do grupo móvel. "Falo pela experência institucional do grupo móvel, já que essa é a minha primeira participação nessas operações. Aconteceram operações com mais de 40 dias, no meio da selva amazônica e em condições de deslocamento para o pagamento dos trabalhadores muito difíceis", explica o procurador do MPT.
Tentativa de dispersão
No terceiro dia da operação do grupo móvel, os "gatos" tentaram dispersar os trabalhadores sob a ameaça de que não abasteceriam mais os alojamentos com comida caso os carvoeiros não aceitassem ir embora. Segundo o relatório do procurador do MPT, os "gatos" "dirigiram-se aos trabalhadores das três baterias de fornos e inciaram processo de coação para que eles deixassem o local. "Também se constatou a interrupção da alimentação dos trabalhadores visando ao mesmo fim", ressaltam os procuradores.
Para conter a ação dos "gatos", os policiais federais tiverem de reprimir a operação e saíram em perseguição aos aliciadores. "Como os aliciadores conhecem bem a região, os policiais não conseguiram capturá-los", relembra Luciano Leivas. O caso também é narrado por um dos trabalhadores em seu depoimento. Reginal Mendes Pereira disse que “Careca”, apelido de um dos aliciadores, reuniu os trabalhadores de Minas Gerais, "combinando dar um adiantamento de R$ 200,00, e que fossem embora para Minas, tendo afirmado o empregador, que depois a "firma” acertaria os demais direitos".
Segundo o procurador, a tentativa de dispersão e os 20 trabalhadores encontrados após a ação do grupo móvel foram os fatos que motivaram a entrada da ação cautelar na Justiça do Trabalho. "Conversamos com três advogados nesse período de dez dias. Dois da Carvovale e um da Rotavi, que até agora não resolveram o problema", diz o procurador.
Durante as negociações, os advogados das empresas também tentaram repassar a responsabilidade da contração e condições ilegais dos trabalhadores para os dois "gatos", Jorge Klassen, conhecido como Jorginho, e José Geraldo, o Careca. "Nunca existiu qualquer contrato formal de terceirização entre a empresa criada pelos aliciadores, a J.J, e as empresas que exploravam economicamente a área", ressalta o representante do MPT.
Capital de R$ 70 milhões
Para Luciano Leivas, a capacidade econômica das duas empresas, com R$ 70 milhões de capital, é incompatível com as péssimas condições de trabalho a que submete seus trabalhadores. A Rotavi Componentes Automotivos Ltda. é fabricante de ferro-ligas e ligas à base de silício e magnésio, como produtos de ferro silício, inoculantes, ligas de magnésio e briquetes de carbureto de silício. A empresa usa o carvão vegetal como combustível na fabricação das ligas.
O Grupo Rotavi, segundo MPT, tem como principal mercado a fundição automotiva e também mantém atividades nos setores de transporte e mineração. Tem composição societária formada pelas empresas Savannah Finance Corporation – Safinco, com sede nas Ilhas Cayman, Bloco Trading Ligas e Metais – Alloys Metals S.A., em Portugal, e Gevag Gesellchaft Fur Anlage Und Verwaltung Ag., em Zurique, Suíça.
A Carvovale é responsável pelos serviços técnicos na atividade de carvoejamento como engenharia florestal, administração e outros serviços especializados nessa área. Desde a última sexta-feira (5) e durante o final de semana o Congresso em Foco tentou fazer contato com os representantes das duas empresas, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.
Depoimento de um trabalhador
Além das fotos produzidas pelos fiscais do grupo móvel, o site também teve acesso aos depoimentos dos trabalhadores da Fazenda Jaborandi II. Manoel Cleyton Nunes de Carvalho chegou à fazenda depois de saber que seus amigos do município de São José do Peixe, Piauí, tinham conseguido trabalho na cidade de Posse (GO), vizinha à carvoaria.
Ao grupo móvel, Manoel Cleyton relata as condições do local onde tinha começado a trabalhar no último dia 5 de maio:
O barracão
"Dormia em um barracão em uma cama da empresa, mas outros dormem no chão. O barracão é muito frio porque é tudo aberto e não lhe deram coberta. O barracão não tem banheiro e não tem luz elétrica. As necessidades fisiológicas são feitas no mato. A fazenda não fornece papel higiênico. Eles tomavam banho atrás de um container com um plástico preto que fecha um lado. Bebem água que vem em uma pipa que é usada para apagar fogo do carvão quando sai do forno. Existe um filtro mas nunca teve água, e ele nunca tomou água do filtro. Os fornos foram construídos perto dos barracos e a noite não consegue dormir direito, pois entra muita fumaça."
A comida
"No almoço comiam feijão, arroz carne e macarrão. É muito pouco. Na janta comiam feijão, arroz e macarrão e quando não tem carne vinha um ovo. A carne não era fornecida normalmente, apenas de vez em quando. Comiam no barraco, mas não havia mesa para fazerem as refeições."
A jornada de trabalho
Começava a trabalhar por volta das 6h e ia até às 17h. Às vezes um pouco mais quando demoram para o caminhão buscar. Não tem hora certa para o almoço, trabalhavam direto, inclusive sábados e feriados, mais que no domingo não era obrigado. Os trabalhadores que exerciam outras atividades também trabalhavam aos sábados."
Equipamentos de segurança
"Nunca foi dado equipamento de proteção. Utiliza uma bota que lhe deram depois de um acidente quando uma tora caiu no seu pé e machucou um dedo. Não tinha material de primeiros socorros e só depois de cinco horas do acidente é que levaram para Posse (GO). Foi atendido por uma enfermeira e voltou para o acampamento e não fez nenhum curativo depois".
O pagamento e o café da manhã.
"Até a presente data (29/05/2009) não recebeu nada, desde que começou no dia 05/05/2009. Lhe foi dito que pagariam de quinze em quinze dias, mas não aconteceu. Foi proposto R$ 11,00, por forno e casa e comida livres, mas não foi pago nada. O senhor Marquinho propôs pagar R$ 25,00 na diária com casa e comida, mas não tem café da manhã. Nas outras sedes tinha café da manhã, mais na sede II era dado um pão dia sim outro não."
Restrição de liberdade
"De 30 em 30 dias o depoente vinha à cidade".
segunda-feira, junho 01, 2009
o sofrimento da demissão
A ameaça que rondava a vida dos trabalhadores, antes da crise mundial, eram as precárias condições de segurança, de insalubridade, periculosidade, o assédio moral e sexual, isto é, as condições de trabalho num contexto onde há trabalho. Contudo a crise propiciou o despontamento de uma outra problemática da classe trabalhadora, pois a perspectiva de sofrimento do trabalhador aumenta, já que não é somente as condições de trabalho flexíveis e precárias que levam aos sofrimento, mas o perigo de perda do “seu ganha pão”, ou a depressão do trabalhador em meio a uma redução de jornada, com redução de salário. É diante desse novo cenário que o sofrimento de trabalhador é analisado, pois quando Institutos de Pesquisa ou Órgãos do Estado revelam elevados números de desemprego ignora-se a porcentagem de trabalhadores em depressão, ou aqueles que se suicidaram diante da perda de trabalho e da própria identidade. O indivíduo deixa de pertencer a uma rede de social que trazia identificação consigo e com o restante da sociedade. O rompimento do laço que unia o trabalhador metalúrgico ao chão da fábrica traz não só consequências de ordem econômico-social, como a perda de salários, mas também de âmbito psicológico, como a desvalorização como indivíduo atuante na sociedade, já que a própria figura de “metalúrgico” e “vendedor” deixa de existir.
Segundo site do jornal “Diário do Grande ABC” a Fabrica da Mercedes-Benz concedeu férias coletivas para seus 7.000 funcionários, entre os dias 23 de fevereiro a 4 de março de 2009. Pouco mais de um ano depois de anunciar com pompa e circunstâncias um investimento de R$ 1,5 bilhão na fábrica de São Bernardo para ampliar a produção em 25% a empresa, líder no mercado brasileiro na produção e na venda de caminhões e ônibus, produziu em 2008, em dois turnos de trabalho 66 mil veículos (entre caminhões e ônibus). O volume foi 12% superior ao total fabricado em 2007, que totalizou 59 mil unidades. No site do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba noticia que a Renault anuncia o retorno de 500 trabalhadores que estavam com o contrato de trabalho suspenso durante 5 meses a voltarem aos postos de trabalho, já que o reaquecimento no mercado automotivo registrou alta nas vendas e na produção.
Como perceber o sofrimento do trabalhador mergulhado numa crise mundial que o engloba como objeto, nesse sistema que trata a classe trabalhadora como meros números e quantificações? Se num momento que antecede a crise o trabalhador já é explorado e sugado pelo capital das forças produtivas, agora ele está à mercê, não só da exploração, que o reifica, mas está diante da iminência constante de uma possível perda de identidade, de uma instabilidade não só de âmbito financeiro, mas psicológico.
“Neste cenário, podemos observar uma contradição marcante: enquanto parte significativa da classe trabalhadora é penalizada com a falta de trabalho, outros sofrem com seu excesso”.
quinta-feira, maio 28, 2009
Federal Motors?
Depois de inúmeras tentativas de tentar se reerguer a montadora General Motors deve ficar em poder do governo norte-americano que deve comprar 70% de suas ações.
Foram um verdadeiro fracasso as negociações da montadora General Motors (GM) com os credores que não aceitaram a troca da dívida de mais de US$ 27 bilhões e dívidas por ações da empresa que corresponderiam a 10% de todo o capital.
Esta situação faz com que o pedido de concordata por meio da “Lei de Falências” se concretize na próxima segunda-feira, dia 1º de junho, data em que a montadora terá que apresentar novo plano de reestruturação.
A situação da montadora ainda pode ser outra, ainda mais provável, a compra, de mais de 70% de suas ações pelo governo norte-americano como forma de quitar a dívida e ainda ter dinheiro em caixa para continuar em funcionamento. A estimativa é que o governo Obama, por meio do Departamento do Tesouro desembolse pelo menos mais US$ 50 bilhões.
Esta compra ainda não está finalizada, mas o governo norte-americano já está em negociação com os credores para tentar quitar a dívida da montadora.
Caso seja concretizada esta negociação, o governo Obama terá estatizado na prática a GM que passará a ter 70% de todo as suas ações em poder do governo. Outros 17% vão estar com o sindicato de trabalhadores, o UAW, que fez acordo com a direção da GM para reverter pagamentos em atraso de salários e benefícios em troca de ações da empresa. Esta percentagem de ações que será destinada ao UAW equivale a US$ 6,5 bilhões, em tese, pois estas ações estão cada vez mais desvalorizadas. Outros 10% vão ficar em poder dos especuladores que tem bônus da empresa.
O fato é que a ação do governo norte-americano em injetar mais US$ 50 bilhões na GM falida, mesmo depois de já ter colocado quase US$ 20 bilhões na empresa e mesmo assim ela não se recuperar, revela a intenção do governo Obama em não deixar a maior montadora dos Estados Unidos sucumbir. Isto ocorre porque é uma parte da indústria norte-americana muito grande e que levaria a um prejuízo descomunal para a economia do País que esta de mal a pior. O que também precisa ficar claro é que apesar de ter 70% da GM, o governo Obama deve trabalhar para que aos poucos ela seja novamente tomada pelos capitalistas como é o interesse do governo desde o início.
quarta-feira, maio 20, 2009
Essa Batalha
Lento mas vem
lento mas vem
sexta-feira, maio 01, 2009
Objetivação da contradição do capital
"Em outros termos, desde que a crise econômica final do
capitalismo entrou em cena, o destino da revolução (e com ela o da humanidade)
depende da maturidade ideológica do proletariado, da sua consciência de
classe". (pag. 174)E segundo Lukács, "para o proletariado, sua ideologia não
é uma "bandeira" de luta, nem um pretexto para as próprias finalidades, mas é a
finalidade e a arma por excelencia".
"Como produto do capitalismo, o proletariado está necessariamente submetido
às formas de existência de seu produtor. Essa forma de existência é a
inumanidade, a reificação. Decerto, por sua simples existência, o proletáriado
é a crítica, a negação dessas formas de existência. No entanto, até que a crise
objetiva do capitalismo se complete, até que o próprio proletáriado tenha
adquirido uma visão completa dessa crise e a verdadeira consciência de classe,
ele é mera crítica da reificação e, como tal, eleva-se apenas negativamente acima
do que nega".Cris Bibiano
quarta-feira, abril 29, 2009
mais atual do que nunca..
FRASE DE 1867
"Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprar
bens caros, casas e tecnologia, fazendo-os dever cada vez mais, até
que se torne insuportável. O débito não pago levará os bancos à
falência, que terão que ser nacionalizados pelo Estado."
Karl Marx, "O Capital"
terça-feira, abril 14, 2009
quinta-feira, abril 09, 2009
terça-feira, abril 07, 2009
Municípios com demissão em massa temem "crise social"
segunda-feira, abril 06, 2009
apropriação
terça-feira, março 31, 2009
Crise desacelera mecanização da cana
Área colhida com máquinas cresce, mas indústria canavieira paulista corta 500 mil hectares menos que o previsto
Levantamento da Secretaria de Meio Ambiente mostra que colheita mecanizada e sem queimadas alcançou 49,1% da área da cana em SP
sábado, março 28, 2009
o sofrimento e o prazer
O próprio autor se indaga acerca dessa ausência de veiculação nas reportagens sobre o sofrimento do trabalhador, ou seja, a carga negativa e penosa, que encontra-se escondida e não-revelada no ato em que o trabalhador vende sua força de trabalho. E devido a essa não divulgação, principalmente nos jornais, muitas vezes faz com que pensamos que o “sofrimento do trabalhador” é algo excepcional e extraordinário. Aquele que sofre no trabalho é normalmelnte aquele trabalhador excepcional, que literalmente "dá trabalho" aos outros. É nessa linha de pensamento que Dejours trabalha esse capítulo. Quais os males que acometem o psicológico do trabalhador da metalúrgica, que em um momento de crise, se vê forçado a reduzir sua carga horária, ou então, o operário da construção civil que trabalha no sol, chuva, e muitas vezes sem os equipamentos de segurança necessários? Fala-se muito do crise econômica, mas quais as consequências psicológicas e físicas que acarretam no trabalhador? Trabalha-se mais, repetitiva e penosamente, forçando nervos. A própria angústia neste contexto de crise pela estabilidade do trabalho é um sofriemento, e que milhares de trabalhadores atualmente estão padecendo!
Dejours aborda a problemática do progresso de técnicas, que ao subtrair o suor do macacão do operário da montadora, relega à segundo plano as condições penosas e árduas das precárias condições de insalubridade, periculosidade, pressão psicológica, pelo aumento de vendas, e da produtividade. Como se a automação subtraísse o sofriemnto físico. Ignora-se o psicológico. O operador de telemarketing trabalha numa jornada estressante, com horários controlados pelo patrão, para ir ao banheiro, e na pressão pelo aumento de vendas, as metas estipuladas de vendas, numa jornada desgastante. Isso sem tocar numa outra problemática que sãos os baixos salários!
Para Dejours, “há o sofrimento dos que temem não satisfazer, não estar à altura das imposições de horário, de ritmo, de formação, de informação, de aprendizagem, de nível de instrução e de diploma, de experiência, de rapidez de aquisição de conhecimentos teóricos e práticos e da adaptação à “cultura” ou a ideologia da empresa, às exigências do mercado, às relações com os clientes, os particulares ou o público etc.” (página 28)
quarta-feira, março 25, 2009
emancipação? uma provocação
a mulher no tanque, na pia ou no salão
de beleza ímpar, seja executiva, operária ou do lar
com suor sustenta casa, lava, passa
e cuida de todos eles;
Trabalha em dupla-tripla jornada
e não ganha nada.
É a mesma que é explorada, cantada e mal-tratada
pela sociedade é um mero objeto,
mal-remunerada,
e somente a nova é valorizada.
Tem salário reduzido, é discriminada e subordinada
Muitas apanham do machista, que em casa vive, e com ela casou,
pra viver uma vida de bela adormecida,
somente no sonho e na ilusão ficou;
Por que a rotina dessa vida desigual, precarizada e suada
pregou uma outra peça não esperada.
sexta-feira, março 20, 2009
crise
Além a apresentação dos dados, um outro momento relevante do encontro foi percebido nas falas dos representantes das centrais sindicais. A crise econômica foi o tema que centralizou e norteou o debate. A seguinte questão era: Em como as centrais iriam se engajar, na capacidade de enfrentamento do trabalho diante da crise econômica, ou seja, numa preocupação de manutenção das conquistas do movimento sindical diante das pressões do mercado, como na flexiblixação, o rebaixamento dos salários, as demissões em massa, assim como a retirada dos direitos dos trabalhadores.
O grande foco das centrais está nos esforços das campanhas salariais. Reivindica-se que o recurso do BNDS chegue à micro e pequena, já que é o principal gargalo, segundo Pahat. A reivindicação completa-se com uma crítica à chantagem do empresariado para flexibilizar as leis trabalhistas, diante da crise, pois o comércio não está em crise, segundo Pahat.
terça-feira, março 10, 2009
R$ 4,00 por tonelada de cana
Na pequena Alagoas, formada por 102 municípios, 57 são
produtores de cana
de cana de açúcar. Os usineiros e fornecedores
abocanharam 410. 835 hectares
de
terra, o equivalente a 63,95% da
área
agricultável do Estado, gerando
apenas um
(01) emprego a
cada
6,6
hectares de terra.Essa ânsia
desenfreada
de
explorar a
natureza e o
ser humano criou um estado de
alguns
ricos
(cerca
de 20 famílias) e
uma legião de empobrecidos –
56%
dos
alagoanos
vivem
abaixo da
linha da pobreza
–
e uma
concentração de
terra que insulta o
conceito de
democracia.
Esse blog vem acompanhado, ao longo da sua existência, as informações, as estatísticas e muitos dados que se refere à problemática da concentração de terra no Brasil, principalmente no Nordeste e em especial no estado de Alagoas. Portanto a luta começou. Ela vem de longe, aqui de São Paulo, mas disposta a reverter o quadro, com denúncia, informações, e números que apresentem a realidade de um modo mais transparente. Essa é a pretensão, a meta.
A indignação é tamanha ao vermos milhares de trabalhadores sendo explorados, e muitos sendo mortos, por trabalho exausto, para receber em torno de R$ 4,00 por tonelada de cana. Trabalhadores são expropriados, explorados, tratados como animais em troca de um valor irrisório e vergonhoso, enquanto meia dúzia de latifundiários, que comandam o estado de Alagoas, ao deter o poder econômico e político, concentram terras e não cumprem sua função. Anti-constitucional, e compete à União a desapropriação imediata dessas terras, em prol do coletivo.
Todo apoio aos movimentos sociais do campo!
saudações
segunda-feira, março 09, 2009
MPT lança programa nacional de combate às irregularidades trabalhistas no setor sucroalcooleiro
A exemplo do ocorrido nas operações realizadas pela força-tarefa do MPT no Estado de Alagoas, que tiveram curso em 2008, as mais graves irregularidades encontradas foram: não fornecimento e substituição de equipamentos de proteção individual (EPIs); ausência de treinamento dos trabalhadores quanto à correta utilização dos EPIs; inexistência de banheiros fixos ou móveis e de abrigos contra intempéries nas frentes de trabalho (corte de cana); instrumentos de trabalho (podões e limas) sem bainha protetora; não-fornecimento de água potável e de refeições, bem como de marmitas térmicas aos trabalhadores do campo; excesso de jornada devido ao fato de o pagamento ser por produção (5 a 10 toneladas por dia por trabalhador).
A força-tarefa do MPT ainda constatou o controle inadequado de jornada e produtividade; não-concessão de pausas e períodos para repouso e refeição; transporte dos trabalhadores em ônibus em péssimo estado de conservação e sem autorização das autoridades de trânsito competentes; ausência de material de primeiros socorros nas frentes de trabalho; não-realização de exames médicos admissionais, periódicos e demissionais; inexistência dos programas ocupacionais; alojamentos com condições precárias de saúde e segurança; ausência dos depósitos do FGTS; atraso de pagamento dos salários, férias e 13º; não-pagamento das verbas rescisórias, entre outras.
Foram realizadas audiências com os representantes legais das usinas para que prestassem esclarecimentos e documentação, que será analisada para a propositura de termos de ajuste de conduta (TACs) ou ações civis públicas (ACPs) visando ao restabelecimento da dignidade de cerca de 21 mil trabalhadores. Poderá ser cobrado, inclusive, dano moral coletivo de cada usina infratora.
quinta-feira, março 05, 2009
o coletivo paga o pato
Se a alegação para a demissão é a de que as vendas estão caindo, e conseqüentemente, a produção também despenca, a única saída que resta é o corte de funcionários, a redução dos salários em função da redução da jornada, e a suspensão de acordos e convenções de trabalho, que levam infelizmente a uma flexibilização das leis trabalhistas, conquistadas durante uma longa trajetória de lutas dos trabalhadores!
Do ponto de vista individualista, os agentes econômicos agem em função de uma cautela latente. Impressionante como se opera a lógica do mercado!
"Por um lado, os empresários arquivam projetos de investimento, reduzem custos e diminuem a produção e, pelo outro, os trabalhadores, com o temor do desemprego, reduzem o consumo para aumentar sua economia".
O curioso é que os preços não caem! Os preços poderiam cair, as vendas subirem e o mercado reaquecer. Sob o ponto de vista do poder que impera e dita as normas pelas quais o restante da população mundial deve aceitar (e sem contestações) é flexibilizando os direitos da classe trabalhadora que se chega a reposição dos lucros. Uma boa oportunidade do empresariado, sob a justificativa de "crise mundial", para subtrair os direitos dos trabalhadores.
Numa atitude totalmente individualista milhares de pais e mães de família pagam o preço;
"Segundo o estudo, esse fenômeno deixou em terreno muito negativo tanto o crescimento econômico como o nível de emprego no primeiro trimestre do ano. O Brasil perdeu apenas em dezembro e janeiro cerca de 755 mil empregos formais".
quarta-feira, março 04, 2009
Migración y Mecanización en los campos de caña para biocombustibles de Brasil
Migración y Mecanización en los campos de caña para biocombustibles de Brasil
Gretchen Gordon | 3 de marzo de 2009
En la rica región de caña de azúcar de Sao Paulo se encuentra el apacible pueblo de Guariba. Afuera de la iglesia católica de la plaza principal de Guariba, el equivalente a un automovilista estaciona su caballo y carreta entre un Chevy y un Fiat. Un vendedor ambulante empuja un tallo de caña de azúcar a través de una prensa que extrae su dulce jugo para un cliente sediento, al mismo tiempo que jóvenes brasileños toman un receso entre juegos de video y sesiones de chat frente a un café Internet. Ubicada en el centro del auge del etanol que está transformando la centenaria industria de la caña de azúcar de Brasil en productora global y de alta tecnología de los biocombustibles, Guariba es el choque de lo antiguo con lo nuevo .
Casi 10% de la población de Guariba labora como cortador de caña. La mayoría han emigrado desde el noreste de Brasil en donde la tierra y el empleo son escasos. Aún cuando los brasileños continúan arribando a la región en busca de una mejor forma de vida, la industria globalizada puede hacer esos sueños todavía más inciertos.
Desde los 1970s, Brasil ha desarrollado una vibrante industria del etanol que ha desplazado la mitad del mercado doméstico de la gasolina derivada del petróleo. En los últimos cinco años, Brasil ha emergido como el mayor exportador global de etanol. La nación no sólo ha expandido la producción y las exportaciones, también creó un lucrativo nicho del suministro de tecnología del etanol y de la inversión dirigida a naciones centroamericanas y del Caribe, con la esperanza de capitalizar el creciente mercado de los biocombustibles.
Un día de trabajo difícil
En una tarde de domingo, João Dias Peixoto de treinta años, está descansando en una banca de una de las plazas de Guariba. Originario de Minas Gerais, Dias Peixoto emigró a Guariba para cortar caña en una plantación cercana. Él considera al auge del etanol un desarrollo positivo para la nación. "Si hay mercado en el extranjero, es bueno," dice.
Cuando se le pregunta como es el trabajo, sin embargo, Dias Peixoto es menos entusiasta. Él hace pausa por un momento. "Es complicado," dice finalmente y admite que no le alcanza para cubrir sus gastos y que la industria es "un tipo de esclavismo."
La alusión al esclavismo no es una mera hipérbola. Inspecciones en el sector agrícola llevadas a cabo por el Ministerio del Trabajo brasileño durante el año pasado, revelaron que más de 4,500 trabajadores eran mantenidos en condiciones de peonaje y más de la mitad de ellos laboraban en plantaciones de caña. Aún en donde los cortadores de caña de azúcar ganan el salario mínimo, su pago total está basado en el volumen cortado de caña. Debido a que es casi imposible que los trabajadores estimen el volumen que han cortado, es común la expoliación de su salario. Además, la labor físicamente extenuante de cortar caña, con frecuencia lleva a lesiones debilitantes de la espina dorsal; mientras que la práctica de quemar los cañaverales para facilitar el corte manual puede causar enfermedades respiratorias severas. Al tiempo que la competencia en la industria se incrementa, los trabajadores compiten por cortar a mayor velocidad con el fin de asegurar un lugar en la próxima cosecha, llevando a algunos a trabajar hasta el colapso e incluso hasta la muerte.
La extenuante naturaleza del corte manual de caña es uno de los pocos asuntos en los que la mayoría de los brasileños pueden estar de acuerdo. Y éste es un asunto que está recibiendo creciente escrutinio de importadores de etanol, especialmente en Europa. Qué hacer acerca de ello es, sin embargo, menos claro.
Con la creciente inversión y competencia en la industria del etanol y el cada vez mayor escrutinio internacional de las condiciones laborales, así como de los impactos ambientales provocados por las quemas de cañaverales, la industria brasileña del etanol se está mecanizando rápidamente. La mayoría de los trabajadores de la caña perciben a la mecanización como una amenaza, incluso mayor a los riesgos de su propio trabajo.
De acuerdo con el Sindicato de Trabajadores Rurales de Guariba, cada cosechadora mecánica reemplaza a más de 100 trabajadores. La Asociación de Industriales de la Caña de Azúcar de Brasil, predice que el 80 por ciento de los 500,000 puestos de trabajo del sector desaparecerán en los próximos tres años debido a la mecanización. En ausencia de otras fuentes de trabajo que absorban esta fuerza laboral primordialmente migrante, el resultado podría ser la descomposición y la agitación social.
Una población invisible
La hermana Ines Facioli coordina Pastoral do Migrante, una organización católica que atiende a los cortadores de caña migrantes de la región. De acuerdo con la hermana Ines, aproximadamente el 70 por ciento de los 350,000 cortadores de caña del estado de Sao Paulo son trabajadores migrantes. Sin embargo, ni los ingenios azucareros ni el gobierno saben quiénes son estos trabajadores migrantes, en dónde viven o cómo están subsistiendo. Ante la transformación que ha experimentado la industria, de ingenios azucareros familiares a ingenios cuya tenencia está en manos de grupos de inversión o compañías multinacionales, los cortadores de caña—que solían hospedarse en barracas propiedad de los ingenios—son ahora dejados a su suerte para encontrar alojamiento en pueblos y ciudades cercanos. Muchos migrantes viven con otros cortadores de caña en chozas informales en los pueblos o en las crecientes favelas de las periferias urbanas.
La razón principal por la cual los migrantes dejan sus comunidades es la falta de oportunidades económicas, especialmente en el noreste empobrecido. "Ellos no tienen tierra, y trabajar la tierra en sí mismo no provee lo suficiente para vivir." explica la hermana Ines. "Ellos vienen aquí con el objetivo de comprar un poco de tierra, construir una casa."
En la estación de camiones en Timbiras, en la región de Maranhão, cada día parten 13 camiones a Sao Paulo. En 2007 aproximadamente 70,000 residentes emigraron. Pero para muchos el sueño que motiva a los jóvenes Maranhenses para dejar sus pueblos nunca se realiza.
"La gente va a emigrar a donde hay trabajo ... en busca de algo mejor," dice la hermana Ines. "Pero aquí es peor. La vivienda de los Maranhenses aquí es peor de lo que tenían allá. Más importante aún, allá ellos tenían una estructura social."
Una promesa ilusoria
En la esquina de la plaza de Guariba, los autos avanzan hacia la estación de gasolina verde y blanco de Nivaldo Mazz, para llenar sus tanques con etanol a 1.25 reales brasileños por litro. "El precio del etanol se ha incrementado," dice Dias Peixoto al tiempo que observa. "Pero no es un precio alto para alguien que trabaja en la caña—el trabajador no ve nada de éste."
El costo del etanol brasileño no se mide sólo en reales. "Alguien que corta caña por diez años está acabado," dice la hermana Ines. "Los ves con los brazos hinchados, deformados, con problemas de la espina dorsal."
Mientras que la creciente mecanización del sector cañero de Brasil puede ayudar a mejorar la imagen de la industria al remover seres humanos de un proceso fatigante y explotador, como lo percibe la hermana Ines, la mecanización no está exenta de sus propios costos significativos. "Ésta va a generar más pobreza," dice ella, especialmente para los migrantes. "Si ellos no tienen empleo allá, ellos vienen aquí. Y si ellos no tienen empleo aquí ¿adonde irán?"
Soluciones difíciles
Mitigar problemas añejos de pobreza y migración requiere invertir en las regiones más empobrecidas y, aún más importante, en programas de gran envergadura de reforma agraria, de tal manera que los brasileños rurales puedan encontrar oportunidades sin tener que migrar. Pero asegurar un mayor acceso a la tierra no es parte del plan gubernamental de desarrollo de biocombustibles, ni tampoco es el objetivo de otras naciones que están emulando el ejemplo brasileño.
Mientras el auge de los biocombustibles ha atraído un flujo de inversiones en dólares de todas las regiones del globo, mayores ganancias no han beneficiado a los brasileños que trabajan para producir esa energía. "Los ingenios azucareros no valoran nuestro trabajo," dice Dias Peixoto. "No importa si el producto final tiene valor."
Aunque la reciente crisis financiera global está mermando las nuevas inversiones en biocombustibles, los analistas predicen que el auge de los biocombustibles resurgirá cuando los precios del petróleo se recuperen. Al tiempo que la promesa de un desarrollo económico basado en biocombustibles continúa capturando la imaginación de los migrantes a lo largo de Brasil, así como de naciones a lo largo de la región, con la globalización esa promesa puede estar transitando a la deriva lejos de la realidad.
"Yo vine aquí con la esperanza de encontrar algo mejor—es la razón por la que todos migran," dice Dias Peixoto. "Pero es sólo una ilusión."
Gretchen Gordon es una escritora freelance en asuntos de energía y globalización en América Latina y una colaboradora del CIP Americas Program www.americaspolicy.org. Se le puede contactar en graciela(at)riseup.net.
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